Investing.com - O Ibovespa garantiu uma recuperação no final do pregão e afastou o tom negativo do mercado internacional que se impôs sobre a bolsa durante a maior parte do pregão desta quarta-feira.
O principal índice da bolsa de São Paulo abriu o dia em queda e chegou a perder os 83 mil pontos ao tocar na mínima de 82.889 pontos pela manhã, menor patamar em seis semanas. Na reta final, o sentimento de recuperação tomou conta dos investidores e Ibovespa rompeu para o positivo na última hora do pregão, com ajuda da Vale (SA:VALE3) e dos bancos privados. A mineradora avançou 1,7%, enquanto o Itaú (SA:ITUB4) subiu 0,9%, Itaúsa (SA:ITSA4) +1,2% e o Bradesco (SA:BBDC4) +0,6%. A bolsa encerrou o dia aos 83.874 pontos, leve alta de 0,08%.
A ponta negativa trouxe a Petrobras (SA:PETR4) com queda de 1% em um dia de perdas para o petróleo no mercado internacional e com sinais de que a empresa pode ter cedido à pressão política no caso do fechamento de fábricas de fertilizantes no Nordeste. A Eletrobras (SA:ELET3) liderou as quedas com -4,7%.
O cenário político local também não favoreceu os negócios com as incertezas em relação ao comando da área econômica em meio à saída dos ministros que desejam disputar as eleições em 2018. As trocas estão certas no Ministério da Fazenda e no BNDES - com a saída de Meirelles e Paulo Rabello de Castro -, mas os novos nomes ainda não foram anunciados. Dyogo Oliveira do Planejamento poderá ser remanejado.
Na próxima semana, o STF julga o habeas corpus do ex-presidente Lula, que determinará se o petista passará um tempo na prisão, o que mudaria o equilíbrio de poder na política em um cenário que favoreceria as composições partidárias em torno de um nome de centro-direita. Com Lula solto, a força política do ex-presidente aglutina mais expectativa de poder para a esquerda, dificultando candidaturas tidas como mais pró-mercado.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta quinta-feira:
Banco Central volta ao foco
Depois da ata do Copom na terça-feira e um dia de folga hoje, o Banco Central voltará a atrair o interesse dos investidores locais com a publicação do Relatório Trimestral de Inflação e a novidade de uma entrevista do presidente do BC, Ilan Goldfajn.
O documento deverá refletir uma visão mais fraca da inflação após os números baixos do IPCA, que têm seguidamente frustrado o consenso e empurrado a curva de juros para baixo.
Na última revisão publicada em dezembro, o BC via uma inflação acelerando da previsão de 2,8% em 2017 – número que fechou em 2,95% – para 4,2% neste ano. O índice, no entanto, voltou a se enfraquecer até os 2,8% em 12 meses do IPCA-15 de março. O RTI deverá mostrar o banco cada vez mais de olho nos dados para 2019, já que a inflação deverá ficar novamente longe do centro da meta em 2018.
A entrevista do presidente Ilan Goldfajn deverá atrair mais interesse do mercado tanto pelo seu ineditismo, quanto pela busca de sinais de como o Copom vê a trajetória de inflação e juros.
O comitê surpreendeu no último encontro ao projetar uma nova queda na Selic na reunião de maio, possivelmente para 6,25%, enquanto o mercado esperava que, além do corte de 0,25 p.p. na taxa de juros, o BC indicaria o fim do ciclo.
Para além de maio, o Copom não fechou as portas para novas reduções se seguir sendo surpreendido por uma inflação resistentemente baixa e um cenário doméstico e internacional favorável.
Mercado internacional preocupa
O pessimismo no mercado internacional seguiu nesta quarta-feira com os principais índices de Wall Street e as commodities voltando ao negativo.
O PIB dos EUA foi novamente revisado para cima, 2,9%, mostrando um aquecimento na economia que poderá acelerar o ritmo de alta de juros no país.
O Federal Reserve ainda se mostra firme em elevar os juros em somente três reuniões neste ano, mas parte do mercado já aposta em uma mudança de discurso e uma alta adicional em dezembro. O Monitor das Taxas do Fed, do Investing.com, mostra que 75% do mercado vê uma elevação em junho e mais de 50% prevê um novo aumento em setembro. Para dezembro, uma quarta alta é estimada por 30% dos analistas.
O setor de tecnologia voltou a pressionar Wall Street com a Amazon recuando mais de 4%, pressionada por notícias de que Donald Trump planeja regulamentações para controlar o avanço da varejista sobre pequenos comerciantes. O papel pesou sobre o Nasdaq, que recuou 0,9%. O S&P cedeu 0,3% e o Dow, 0,04%.
De acordo com convenções do mercado, os índices entraram oficialmente ontem em terreno de correção depois de superarem perdas de 10% frente ao topo, sem recuperação.
No radar dos investidores seguem as preocupações com o aumento de tom dos países sobre as taxas impostas pelos EUA, com medo de que uma retaliação leve a uma guerra comercial.
Inflação nos EUA e desemprego no Brasil
No calendário econômico, os investidores locais aguardarão com atenção os dados de inflação nos EUA. Amanhã será publicado índice PCE, preferido pelo Fed para avaliar a condução da política econômica.
O mercado prevê aumento de 1,6% no núcleo do PCE, contra 1,5% no mês passado. O FOMC prevê que o índice avance para 1,9% no final deste ano, perto da meta 2%.
Se o número surpreender positivamente, o mercado deverá reagir com uma nova rodada de vendas e pressão nas ações em Wall Street com a expectativa de que o banco central acelere o ritmo de alta de juros.
Também nos EUA, serão publicados os números de seguro desemprego com previsão de estabilidade em 230 mil e os dados de gastos dos consumidores, também sem alterações em 0,2%
No Brasil, os investidores locais vão receber os dados de desemprego no trimestre encerrado em fevereiro medidos pela PNAD contínua. O índice poderá dar uma sinalização de recuperação da economia brasileira após um janeiro fraco.