Investing.com - O Ibovespa recuperou os 85 mil pontos no fechamento dessa segunda-feira, impulsionado pela recuperação em Wall Street, em um pregão marcado pela inconsistência no mercado local.
O índice abriu com força e superou os 85.500 pontos nos primeiros minutos de negociação para perder força até tocar no negativo no início da tarde. A recuperação na segunda parte do pregão levou o Ibovespa aos 85.087 pontos, maior fechamento desde 14 de março.
A sessão acompanhou, com menor força, a recuperação dos índices de Wall Street, após a derrocada da semana passada. O Dow 30 e o S&P 500 avançaram 2,84% e 2,72%, respectivamente, enquanto o Nasdaq valorizou 3,2%.A forte alta de Nova York teve como pano de fundo a notícia de que os EUA e a China mantêm negociações de bastidores para evitar uma guerra comercial, ao contrário da retórica forte do presidente Donald Trump e políticos chineses.
Na cena local, o julgamento do ex-presidente Lula deu mais um passo negativo ao petista, que viu seus embargos de declaração rejeitados pelo TRF-4. Com a decisão, Lula depende cada vez mais do STF para permanecer fora da prisão. A corte retoma o julgamento do habeas corpus no dia 4 de abril.
Ainda na seara política, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, decidiu deixar o cargo nas próximas semanas e se filiar ao MDB para tentar concorrer à presidência da República. Ainda não há a confirmação no nome que irá substituí-lo na pasta, mas são cogitados o seu secretário-executivo, Eduardo Guardia, e o do secretário de Acompanhamento Fiscal, Mansueto de Almeida.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta terça-feira:
Ata do Copom atrai atenção após surpresa
O Banco Central divulga nesta terça-feira às 8h a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que surpreendeu os analistas do mercado ao deixar praticamente certa uma nova redução da Selic no encontro de maio.
Os diretores decidiram reduzir a taxa básica do país para 6,5% em movimento antecipado e sinalizaram que o cenário atual de fraqueza na inflação praticamente garante um novo corte para a casa dos 6,25%.
Os investidores analisarão com atenção a ata da reunião para balizar suas apostas com a nova revisão das opinião dos diretores do banco.
Em seu comunicado após o encontro, o BC indicou que novas reduções dos juros podem entrar no radar caso o ambiente benigno externo e a inflação siga fraca. Bancos como Itaú (SA:ITUB4) e o Santander (SA:SANB11), contudo, revisaram sua expectativa para Selic a 6,25% no final desse ciclo de baixa.
Na semana passada, o IPCA-15 de março voltou a decepcionar e veio abaixo das expectativas do mercado. Em 12 meses, o índice está em 2,8% e cada vez mais se afasta do piso de 3% da meta de 4,5% de inflação em 2018.
A ata do Copom será o primeiro encontro do mercado com o Banco Central nesta semana, que inaugura na quinta-feira a primeira coletiva trimestral do presidente Ilan Goldfajn, após o Relatório Trimestral de Inflação. O BC confirmou que Goldfajn falará sempre após a publicação do documento para melhorar a comunicação com o mercado.
Hoje, o banco reduziu a tarifa de intercâmbio média dos cartões de débitos para estimular adquirentes não controlados pelos principais bancos e mostrou que os juros médios e o spread bancário aumentaram apesar da queda da Selic.
Wall Street conduz sentimento do mercado
Os investidores locais seguirão de olho nas movimentações de Wall Street após o aumento da volatilidade na última semana com os sinais mais claros de uma guerra comercial dos EUA e a China, após o presidente Donald Trump anunciar a intenção de taxar US$ 50 bilhões em importações do país asiático, que respondeu com ameaças de retaliações.
Hoje, a notícia de que os dois países mantêm um canal de negociação bilateral para evitar a guerra comercial trouxe otimismo ao mercado e os índices dispararam. O Dow 30 avançou 669 pontos - seu terceiro maior ganho em pontos na história – e avançou 2,8% para os 24.202 pontos. O S&P 500 registrou alta de 2,7% para 2.658 pontos, enquanto o Nasdaq ganhou 3,3% liderada pela Apple, +4,8%, empresa que seria uma das maiores prejudicadas em uma guerra comercial EUA-China.
Os ganhos de hoje, contudo, não foram suficientes para zerar as perdas da semana passada, quando o Dow 30 recuou 5,7%, o S&P 500, 5,9%, e o Nasdaq, 6,5%. O índice de volatilidade VIX – também conhecido como Índice do Medo – saltou 57% na semana passada e alcançou os 26 pontos.
Ainda nos EUA, amanhã uma bateria de dados da economia e discursos de diretores do Fed estão agendados. Os investidores acompanham a trajetória da economia do país e se haverá alguma mudança de tom nas falas dos participantes do FOMC atrás de indicações de que o esperado aumento no ritmo de altas de juros pode se confirmar.
Saem amanhã o índice de confiança do consumidor com previsão de alta para 131,2; índice indústrial do Fed de Richmond com expectativa de redução para 23; e o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, fará um discurso público às 12h.
Eletrobras: resultado e privatização
A estatal (SA:ELET3) deverá publicar ainda hoje os seus números do balanço do quarto trimestre de 2017, enquanto as discussões de privatização encontram barreiras no Congresso.
Hoje a companhia lançou o seu terceiro plano de demissão voluntária com o objetivo de desligar 3 mil funcionários e economizar R$ 890 milhões ano ano. Nos dois PDVs anteriores, a elétrica conseguiu atrair e encerrar o contrato de 2,1 mil funcionários.
As discussões sobre a privatização da Eletrobras parecem indicar que não será fácil para o governo aprovar a venda da companhia, especialmente em ano eleitoral.
Um primeiro teste para medir o interesse do mercado poderá acontecer no fim de maio. O governo planeja vender as distribuidoras deficitárias do grupo no dia 21. Se não conseguir viabilizar o leilão, o Ministério de Minas e Energia acredita que será necessária uma intervenção da Aneel.
Mais cedo, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) publicou no diário oficial a decisão de prorrogar por mais 60 dias a MP que tirou vetos à privatização da companhia e as distribuidoras.
Os diretores da companhia realizam amanhã às 14h uma teleconferência com analistas para comentar o resultado trimestral.