SÃO PAULO (Reuters) - O governo brasileiro captou 1,5 bilhão de dólares na reabertura do título Global 2047, com taxa de 5,600 por cento ao ano e spread de 271 pontos básicos acima dos títulos de referência dos Estados Unidos, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira.
A reabertura do bônus Global 2047 foi a primeira emissão do ano e ocorre uma semana após o rebaixamento do país pela Standard & Poor's, em meio às dificuldades do governo de aprovar a reforma da Previdência, que possibilita ajuste das contas públicas, e ao cenário político incerto com as eleições presidenciais deste ano.
"Em relação às taxas dos nossos títulos, realmente a influência (do rebaixamento) foi quase nula", informou o Tesouro. "Algumas emissões com prazo de 30 anos, quando o Brasil ainda tinha 'investment grade' tiveram taxas superiores a essa de agora."
O Global 2047, com vencimento em 21 de fevereiro de 2047, carrega cupom de 5,625 por cento ao ano e foi colocado ao preço de 100,352 por cento do valor de face. A demanda pelo papel foi em torno de quatro vezes maior que a oferta.
Apesar do cenário político conturbado, a operação do Tesouro agora também vem na esteira de condições econômicas mais favoráveis para o país, com retomada gradual da atividade e inflação e juros mais baixos.
O custo de proteção contra calote da dívida brasileira, medido por Crédito Default Swaps (CDS) de cinco anos está hoje em torno de 145 pontos básicos, contra 287 pontos na época do lançamento do bônus.
O Global 2047 foi originalmente emitido pelo governo em julho de 2016, quando foi captado 1,5 bilhão de dólares em papéis com rendimento de 5,875 por cento ao ano e spread de 357,2 pontos básicos.
O Tesouro havia acessado o mercado internacional pela última vez em outubro do ano passado, quando emitiu 3 bilhões de dólares em título com vencimento em 10 anos, com taxa de 4,675 por cento ao ano e spread de 235 pontos básicos.
(Por Iuri Dantas; Reportagem adicional de Mateus Maia)