Por José Roberto Gomes
MATA DE SÃO JOÃO, Bahia (Reuters) - A oferta de café para a indústria nacional em 2018 deverá ser "equilibrada, sem exceder, nem faltar", mas o clima ainda figura como um fator de risco para esse cenário, avaliou nesta quinta-feira o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Ricardo Silveira.
"Vai depender das chuvas, mas por enquanto o mercado está tranquilo. Apesar da seca (em setembro), houve uma melhora agora, e acho que deveremos ter um mercado tranquilo (em 2018)”, destacou Silveira à Reuters no intervalo do EnCafé, evento da indústria cafeeira realizado na Bahia.
Nas últimas semanas, a disponibilidade de produto para a indústria de torrefação vem melhorando, em especial a de conilon, com produtores dispostos a vender.
Entre 6 e 10 de novembro, o Índice de Oferta de Café para a Indústria (IOCI) do conilon, medido pela Abic, atingiu 7,77 pontos, pela primeira vez no ano acima da marca de 7 pontos, a partir da qual o suprimento é considerado normal.
No geral, considerando-se robusta e arábica, o indicador marcou 6,26 pontos, ainda apontando oferta seletiva, mas quase normalizada.
O índice vai de 1 a 9 e, quanto maior, melhor a disponibilidade do produto.
Conforme Silveira, nem mesmo a perspectiva de preços mais baixos no ano que vem, dado a previsão de uma produção maior, deve fazer os produtores segurarem a colheita, como ocorreu neste ano.
"O produtor segura quando o cenário é de escassez, mas se as chuvas ajudarem, não haverá escassez, então ele vende... O importante é que o produtor receba um preço justo", destacou Silveira.
A safra brasileira de café em 2018 deverá ser maior que a de 2017 dada o bienalidade positiva para o arábica.
A falta de chuvas em setembro, contudo, fez o setor questionar a possibilidade de uma “supersafra” no ano que vem.
(Por José Roberto Gomes)