Brasília, 14 nov (EFE).- O Brasil irá recorrer ao Clube de Paris para tentar cobrar uma dívida de US$ 262 milhões da Venezuela, que perante as dúvidas dos mercados começou a refinanciar seus compromissos externos, informaram nesta terça-feira fontes oficiais.
O Ministério da Fazenda confirmou que apelará ao Clube de Paris, na sua condição de coordenador informal de dívidas externas, a fim de cobrar esses US$ 262 milhões, que venceram em setembro deste ano.
Essa dívida foi contraída por operações comerciais realizadas no marco do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos entre Bancos Centrais da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) e, segundo o Ministério da Fazenda, a Venezuela até agora não disse quando pretende pagá-la.
A essa situação se soma o vencimento, previsto para janeiro do próximo ano, de outros US$ 270 milhões que a Venezuela deve ao Brasil pelo mesmo conceito.
A denúncia que o Brasil apresentará ao Clube de Paris coincide com o início de um refinanciamento da dívida externa iniciada pelo Governo de Nicolás Maduro, mediante o qual Caracas assegurou que cumprirá "cabalmente" com todas as suas obrigações.
Na segunda-feira, segundo informou o próprio Governo de Maduro, esse processo se iniciou de forma "bem-sucedida" com "credores de dívida venezuelana provenientes da Venezuela, Estados Unidos, Panamá, Reino Unido, Portugal, Colômbia, Chile, Argentina, Japão e Alemanha".
No entanto, na terça-feira a qualificadora creditícia americana Standard & Poors (S&P) rebaixou a dívida soberana da Venezuela em moeda estrangeira à categoria "default" (inadimplência) depois de descumprir o abono dos juros em dois tipos de títulos.
A S&P justificou a decisão no fato de que a Venezuela não cumpriu com o pagamento de US$ 200 milhões correspondentes a bônus globais emitidos com vencimentos em 2019 e 2024.
A agência indicou, além disso, que o pagamento não foi feito depois de terem passado 30 dias de um período de carência.
Em comunicado, a agência de qualificação de riscos também alertou que a Venezuela pode "entrar em moratória outra vez nos próximos três meses".