TAIPEI (Reuters) - A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse neste domingo que sua viagem a países aliados da América Central com escalas nos Estados Unidos ajudou a elevar o perfil internacional da ilha, ao mesmo tempo em que a China reagiu aos comentários do presidente norte-americano eleito Donald Trump sobre o princípio de "uma só China".
Pequim contestou o fato da presidente Tsai poder fazer escalas nos Estados Unidos na chegada e na partida de sua viagem para a América Central nas útimas semanas, e vê isso como uma brecha potencial para os EUA desrespeitarem a política de "uma só China".
Trata-se de um acordo de quase quatro décadas de existência segundo o qual os Estados Unidos reconhecem a posição da China de que só existe um país e que o Taiwan é parte dele. Assim, os EUA têm laços formais com a China e não com a ilha de Taiwan, considerada pelos chineses como uma província rebelde que um dia ainda se reunificará com a terra-mãe.
"Nosso primeiro objetivo (com a viagem) foi consolidar nossas amizades com outros países e permitir a Taiwan atuar no cenário internacional", disse Tsai ao chegar no aeroporto internacional de Taiwan na noite do domingo.
Ela disse que teve conversas bilaterais com quatro chefes de Estado na América Central. "Nós também aproveitamos a oportunidade durante nossa breve escala nos Estados Unidos para visitar indústrias e conversar com pessoas importantes na América", disse Tsai.
Membros do governo dos EUA disseram que as escalas de Tsai se basearam em uma prática norte-americana de longa data e o gabinete da presidente classificou as visitas em solo americano como privadas e não-oficiais.
O caso acontece em meio às controvérsias geradas por comentários de Trump sobre Taiwan.
O ministro das Relações Exteriores da China disse no sábado que o princípio de "uma só China" era algo não-negociável nas relações entre China e EUA, e pediu que os Estados Unidos reconheçam a sensibilidade deste tema.
Os comentários foram uma resposta direta a declarações de Trump ao Wall Street Journal, dizendo que pode usar essa política como moeda de barganha com a China.
O governo chinês já havia se irritado em dezembro quando Trump e a presidente Tsai conversaram por telefone, ocasião em que a líder de governo do Taiwan o parabenizou pela vitória eleitoral. Foi a primeira vez que um presidente norte-americano ou presidente eleito conversou com um líder de Taiwan desde que o princípio de "uma só China" foi adotado em 1979.
Depois de atacar a China várias vezes durante a campanha eleitoral, Trump seguiu criticando o país em mensagens no Twitter. Atacou a manipulação cambial chinesa, as ações militares no Mar da China Meridional e o fato dos chineses não fazerem nada para impedir o programa nuclear norte-coreano.
(por Damon Lin e Fabian Hamacher)