Investing.com – Um crescimento robusto, mas em desaceleração trimestral. Essa é a perspectiva de economistas para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre na próxima semana. Os dados serão apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira, 03 de dezembro, às 09h00. No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira registrou expansão de 1,4%.
O terceiro trimestre costuma ter revisões de leituras passadas, lembra Sérgio Vale, economista-chefe MB Associados, que estima uma variação trimestral de 0,8%.
Entre os drivers, estariam consumo das famílias, investimento, e um pouco de consumo do governo e a indústria. “A indústria, do lado da oferta, deve vir com resultado positivo. Também, de certa forma, os serviços”, aponta Vale, indicando que somente a agropecuária continuará com um resultado pior neste ano.
A perspectiva de Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, também é de desaceleração na base trimestral, com projeção de 0,8% nesta análise. A visão é construtiva para o consumo, sendo que tanto os dados de varejo quanto de serviços vieram robustos no período.
“Ainda tenho uma perspectiva boa para a parte de investimentos, pois quando consideramos tanto a produção de bens de capital quanto a importação desse tipo de produto, os números foram bons no terceiro trimestre também”, completa, ao ponderar que este movimento não seria não tão relevante quanto o consumo das famílias.
Por outro lado, as exportações não foram bem no terceiro trimestre, de acordo com o especialista da Nova Futura, que considera o movimento natural, tendo em vista o término da super safra.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, também vê um crescimento forte, mas menor do que no segundo trimestre, chegando a 1,1%. “E essa desaceleração deve ter acontecido em todos os componentes do PIB. Consumo das famílias, consumo do governo, investimento e exportações. E a única coisa que acelerou foram as importações”, compara.
Gonçalves menciona melhoria ainda na formação bruta de capital fixo, mas não considera o avanço como suficiente para manter o crescimento do PIB como antes. O consumo do governo deve desacelerar, pois teria atingido um teto em relação aos programas sociais.
“Bolsa Família parou de crescer, o efeito do salário mínimo desacelerou porque o salário mínimo parou de crescer, Bolsa Família, BPC, tudo que é programa social tem um crescimento bem mais fraco. Não tem aumento de quantidade de famílias que estão no Bolsa Família, nem de desempregados que estão no seguro-desemprego, etc. Então, isso significa menos transferência para as famílias, portanto, menos consumo”, detalha.
O que pode pesar nas próximas leituras
Os efeitos da política monetária contracionista do Banco Central devem começar a refletir no crescimento econômico. Borsoi entende que isto deve começar a ocorrer entre o final do terceiro trimestre e o início do quarto.
Além disso, a especialista completa que permeiam dúvidas sobre o quanto a política parafiscal está influenciando o PIB. “Obviamente é muito difícil capturar isso nos dados mensais. No PIB é possível ter algum tipo de cenário, principalmente na parte de investimento em máquinas e equipamentos. Então acho que tem essa dúvida também para o próximo PIB”.
O processo de piora das funções financeiras locais, assim como a depreciação do câmbio, afeta o consumo e a disposição de investir, principalmente com bens de capital importados.
“Acho que é bem provável que a gente veja uma rodada de revisões negativas para o PIB de 2025 com todo esse processo de piora das condições financeiras nas últimas semanas. Principalmente agora com esse pacote fiscal”, lamenta Borsoi.
A percepção de Sérgio Vale (BVMF:VALE3) é semelhante, diante de dados menos robustos na geração de empregos formais, que podem indicar um quarto trimestre com uma desaceleração na economia um pouco mais evidente, em resposta à elevação na taxa de juros básica da economia brasileira.