Por Paulo Whitaker
VITÓRIA (Reuters) - Cerca de 900 policiais voltaram às ruas neste domingo após oito dias de paralisação no Espírito Santo, que viu um aumento dramático no número de assassinatos durante o protesto por melhorias salariais.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, são 250 policiais na região metropolitana de Vitória, 275 no sul do Estado, e 350 no norte, totalizando 875 agentes que atenderam à chamada do Comando-Geral da corporação. Caso não se apresentem, os PMs poderão sofrer punições administrativas.
No sábado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, esteve em Vitória e fez um apelo para que os policiais cumpram seu dever, "honrem as fardas" e retornem às ruas para defender a população.
Esposas e familiares de policiais lideraram o movimento, formando bloqueios humanos na entrada dos batalhões. Neste domingo ainda seguiam bloqueando a saída das viaturas, forçando os quase 900 policiais que retornaram ao trabalho a fazer as patrulhas a pé.
Os policiais que se apresentaram neste domingo foram diretamente a locais determinados pela corporação sem passar pelos quartéis para evitar o bloqueio feito na entrada dos batalhões pelo movimento de mulheres acampadas há nove dias.
O Estado foi alvo de saques, fechamento de lojas, escolas e hospitais e viu um forte aumento no número de homicídios desde o dia 4 de fevereiro, que chegaram a 142, desde que os policiais paralisaram o trabalho, em um movimento que conta com o bloqueio de batalhões por esposas e familiares.
A maior parte da violência se concentrou nas áreas mais pobres de Vitória, capital do Estado, com cerca de 2 milhões de pessoas vivendo na região dominada pelas indústrias portuária, petroleira e de mineração.
Mais de 3.100 soldados do Exército e membros da Força Nacional vêm ajudando no patrulhamento do Espírito Santo. Cerca de 10 mil policiais no Estado permanecem sem trabalhar neste domingo.
No Rio de Janeiro, familiares de policiais também protestaram fora de quase 30 batalhões, a maioria na região metropolitana do Rio de Janeiro. As ações, no entanto, não tiveram impacto no policiamento, que continua em seu nível normal.
(Com reportagem adicional de Brad Brooks em São Paulo)