SÃO PAULO (Reuters) - O ambiente com expectativas de inflação ancoradas permite ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se concentrar e evitar os efeitos secundários da inflação tanto para choques favoráveis como para adversos, informou o BC, por meio de nota após reunião com economistas no Rio de Janeiro.
O BC destacou que essa prescrição se aplica, sobretudo, ao choque de oferta favorável nos preços de alimentos.
"O ambiente com expectativas de inflação ancoradas permite ao Copom se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos que possam ocorrer ao longo do tempo", trouxe a nota. "Essa prescrição é simétrica, ou seja, vale para choques favoráveis ou adversos sobre a inflação. Em particular, isso se aplica ao choque de oferta favorável nos preços de alimentos", acrescentou.
Na semana passada, por meio da ata do Copom, o BC afirmou que uma intensificação do ritmo de corte nos juros básicos equivale a maior grau de antecipação desse ciclo de flexibilização, reforçando que pode acelerar o passo em breve.
O BC reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual pela segunda vez seguida, a 12,25 por cento ao ano, diante de perda de força da inflação. Também deixou a porta aberta para acelerar o ritmo de redução ao pontuar que esse movimento dependerá não só da extensão do ciclo, mas da evolução da atividade econômica, dos fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação.
Na nota divulgada agora, o BC repetiu que seu cenário básico "prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária". O BC também voltou a afirmar que as estimativas da taxa de juros estrutural da economia "invariavelmente" têm elevado grau de incerteza "e, por isso, necessariamente envolvem julgamento".
Boa parte dos agentes financeiros acredita que o BC acelerará o ritmo em sua próxima reunião, em abril, e cortar a Selic em 1 ponto. No mercado de juros futuros, essa já é a aposta majoritária e, na pesquisa Focus, o Top 5 --grupo que mais acerta as projeções-- caminha neste sentido.
(Por Luiz Guilherme Gerbelli)