Arena do Pavini - Diante da nova redução esperada na taxa de juros básica Selic, estimada pela maioria dos analistas de mercado em 0,25 ponto percentual, para 6,50% ao ano, os fundos de renda fixa conservadores continuarão perdendo competitividade frente às cadernetas de poupança, sobretudo nas aplicações de baixo valor. Para o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, o mais indicado para o pequeno investidor é ficar de olho nas taxas de administração cobradas pelos bancos e manter-se na poupança, que só perde para os fundos que oferecem taxas de administração abaixo de 1% ao ano. A menos que o fundo tenha uma estratégia muito ativa e consiga superar o juro básico para compensar o custo maior. Mas, nesse caso, o fundo também deve correr mais riscos.
Taxas de administração ficam estáveis e não acompanham redução do juro básico
Apesar da forte queda promovida na Selic pelo Banco Central a partir de outubro de 2016, de 14,25% ao ano para 6,75% em fevereiro de 2018, e que agora pode recuar para 6,50%, as taxas de administração dos fundos pouco mudaram, variando entre 2,5% e 3% ao ano para o varejo, ficando as taxas menores, mais competitivas, para as grandes aplicações, destaca Oliveira.
Para a Anefac, juro poderá subir no segundo semestre
Na avaliação dele, o cenário de inflação baixa e recuperação gradual na atividade econômica deverá levar ao corte de 0,25 ponto percentual na reunião de amanhã. Mas, ao contrário de parte dos analistas, que ainda vêem espaço para novas reduções da Selic, Oliveira estima que será o encerramento do atual ciclo de baixas. “Se houver novas mudanças, devem ser a partir do segundo semestre, inclusive com possibilidade de aumento da taxa básica, por conta de instabilidade política interna e pressões sobre o dólar, entre outros fatores”, analisa.
De olho em tributação, prazos e taxas
Segundo a Anefac, os fatores que têm dado competitividade à poupança são o ganho garantido por lei (TR + 6,17% ao ano nos depósitos feitos até 3 de maio de 2012 e 70% da taxa Selic após essa data), além do fato de não sofrer qualquer tributação, enquanto os fundos de renda fixa são tributados com Imposto de Renda sobre seus rendimentos, sendo tanto maior a tributação quanto menor for o prazo de resgate. Somado a isso, as taxas de administração cobradas pelos bancos também reduzem a rentabilidade das aplicações em fundos.
Caso a nova Selic seja fixada em 6,50% ao ano, o rendimento da poupança mantém-se atrativo de acordo com as diferentes condições das aplicações. Vale (SA:VALE3) lembrar que nas aplicações em fundos com prazo de resgate até 6 meses, a alíquota do IR é de 22,50%; naquelas com resgate entre 6 meses e 1 ano, o IR recua para 20,00%; nos prazos entre 1 ano e 2 anos, vai para 17,50% e, nos resgates mais longos, acima de dois anos, é de 15,00%.
Custos variam de 0,5% a 3% ao ano
Levando em conta um custo da taxa de administração cobrada pelos bancos entre 0,50% ao ano e 3,00% ao ano (padrão utilizado no sistema financeiro), simulações feitas pela Anefac mostram que tanto a poupança antiga como a nova poupança já ganham dos fundos na maioria das situações, perdendo apenas para aqueles com taxas de administração inferiores a 1% ao ano.
Simulações mostram o efeito sobre aplicação de R$ 10 mil
Tendo como parâmetro um investimento no valor de R$ 10 mil, pelo prazo de 12 meses e considerando uma Selic estável em 6,50% ao ano, a Anefac montou simulações para mostrar os efeitos do novo corte de juros no bolso dos aplicadores.
Segundo essas condições, uma pessoa que tivesse aplicado na poupança antiga teria acumulado de rendimento o valor de R$ 617,00 (6,17% ao ano), totalizando valor aplicado de R$ 10.617,00; na poupança nova, ele teria acumulado de rendimento R$ 455,00 (4,55% ao ano), totalizando valor aplicado de R$ R$ 10.455,00.
No caso de alguém que optasse por um fundo de investimentos com taxa de administração de 0,50% ao ano, teria acumulado de rendimento o valor de R$ 491,00 (4,91% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.491,00. Em um fundo de investimentos com taxa de administração de 3,00% ao ano, este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 354,00 (3,54% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.354,00.
CDB teria de garantir cerca de 85% do CDI para igualar com poupança
De acordo com a Anefac, considerando uma aplicação em CDB o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança nova, já que as aplicações em CDB’s pagam igualmente Imposto de Renda (IR) de acordo com o prazo de resgate da aplicação.
Confira simulações de investimento:
*Em amarelo poupança é melhor investimento
*Em vermelho Fundo é melhor investimento
*Em cinza Fundo e Poupança têm o mesmo rendimento
Fonte: Anefac