Por Christine Kim e Ju-min Park
SEUL (Reuters) - A Coreia do Sul informou nesta quarta-feira que irá realizar uma eleição em 9 de maio para escolher o sucessor da ex-presidente Park Geun-hye, que sofreu um impeachment confirmado por um tribunal na semana passada devido a um escândalo de corrupção.
Procuradores disseram nesta quarta-feira que Park, a primeira presidente eleita democraticamente a ser removida do cargo, será intimada a comparecer a um depoimento na próxima terça-feira que irá tratar do escândalo de tráfico de influência que resultou em seu impedimento.
Em um veredicto histórico, a Corte Constitucional retirou Park da função na sexta-feira, chancelando a votação do Parlamento que a afastou em dezembro. Ela nega qualquer irregularidade.
O Grupo Samsung, maior conglomerado da Coreia do Sul, também está envolvido no escândalo, e a agência de notícias Yonhap relatou que os procuradores começaram a investigar dois outros conglomerados – o Grupo Lotte e o Grupo SK.
A Samsung nega qualquer irregularidade. Os porta-vozes da SK e da Lotte disseram que as empresas irão cooperar com a investigação.
A turbulência acontece em um momento de tensão crescente com a Coreia do Norte devido aos programas nuclear e de mísseis de Pyongyang, e com a China, devido à instalação de um sistema antimísseis dos Estados Unidos em solo sul-coreano que Pequim vê como uma ameaça à sua segurança.
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, irá visitar a Coreia do Sul, assim como o Japão e a China, nesta semana.
O primeiro-ministro sul-coreano, Hwang Kyo-ahn, presidente em exercício desde a votação do impeachment, disse que não irá concorrer na eleição, e o ministro do Interior, Hong Yun-sik, prometeu que a votação será a mais limpa e transparente de todos os tempos.
"Esta eleição é inédita em nossa história", disse Hong à imprensa, referindo-se ao período de campanha curto.
Hwang emergiu como candidato conservador bem posicionado nas pesquisas de opinião, mesmo não tendo expressado a intenção de concorrer.
O escândalo minou o apoio aos governistas conservadores, e aparentemente a decisão de Hwang irá aumentar as chances de um liberal proeminente, Moon Jae-in, que lideras as sondagens.
Park foi intimada a um interrogatório que irá acontecer às 9h30 locais da terça-feira que vem, informou a procuradoria. Em um comunicado, seus advogados disseram que ela irá cooperar.
Park se recusou a ser questionada pelos procuradores e a testemunhar perante a Corte Constitucional quando estava no posto.
Os procuradores não disseram quanto tempo acreditam que seu inquérito irá demorar.