Por John Miller
DAVOS, Suíça (Reuters) - A cidade suíça alpina de Davos está acostumada a celebridades e pessoas com dinheiro, mas, mesmo assim, está apreciando o novo desafio imposto pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de participar neste mês do Fórum Econômico Mundial.
A visita de Trump a Davos para o encontro anual de líderes políticos e empresariais globais será a primeira de um presidente dos EUA no exercício do mandato desde a visita de Bill Clinton, em 2000.
As políticas de Trump, incluindo sua intenção de deixar o Acordo de Paris de 2015 contra as mudanças climáticas e sua política “América Primeiro”, podem não ser bem vistas na Suíça, país que apoia o acordo climático global e cuja economia depende de comércio internacional.
Isso fez com que alguns analistas apontassem que o polarizador Trump pode reviver as violentas manifestações contra o fórum de Davos que aconteceram no início da década de 2000. Uma petição online está circulando dizendo a Trump que ele não é bem-vindo.
Ainda assim, o tom em Davos nesta semana é otimista, com muitos confiantes de que um robusto esquema de segurança com até 5 mil soldados, caso necessário, ao lado de cerca de 1 mil policiais, pode lidar com qualquer agitação em torno da presença de Trump.
“Não fica melhor que isso”, disse Ernst Wyrsch, que foi diretor do hotel onde Clinton ficou em sua visita ao Fórum Econômico Mundial e agora comanda a associação de hotéis da região. “Davos, por ao menos alguns dias, estará no centro do mundo”.
Embora dignitários estrangeiros viajem todos os anos para Davos --a premiê britânica, Theresa May, e o presidente chinês, Xi Jinping, foram à cidade no ano passado-- faltam-lhes o poder de atração da mídia de um presidente norte-americano, que coloca um holofote em uma comunidade dependente do turismo.
“Eu acho que não há algo como publicidade ruim”, disse Linard Kinschi, morador que seguia para as trilhas de esqui da cidade a 1.560 metros acima do nível do mar.
Embora autoridades norte-americanas já estejam na Suíça preparando a chegada de Trump, detalhes sobre a viagem do presidente, como onde ele irá passar a noite durante o evento de 23 a 26 de janeiro, ainda estão sendo ajustados.
Trump, cuja equipe irá incluir o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, o secretário de Estado, Rex Tillerson, o secretário do Comércio, Wilbur Ross, e o genro de Trump, Jared Kushner, pode ficar na cidade por somente um dia, fazer um discurso e então ir embora.
Há, no entanto, algo de contraditório na participação, à medida que o Fórum Econômico Mundial é um porto para apoiadores da globalização que adotam os acordos de livre mercado que Trump criticou como injustos para os EUA.
(Reportagem de John Miller)