Por David Lawder e David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - O Departamento de Comércio dos Estados Unidos enviou uma proposta no domingo ao presidente norte-americano, Donald Trump, que pode gerar uma grande alta em tarifas de importação de veículos e autopeças, causando fortes críticas da indústria antes mesmo de ser revelada.
No final do domingo, uma porta-voz do departamento afirmou que não iria divulgar qualquer detalhe do pacote baseado no dispositivo da "seção 232", de segurança nacional. A conclusão do pacote aconteceu menos de duas horas antes do fim de um prazo de 270 dias.
Trump terá agora 90 dias para decidir se vai agir de acordo com as recomendações. Especialistas da indústria de veículos esperam que elas incluam pelo menos algumas tarifas sobre carros totalmente montados ou tecnologias e componentes relacionados a modelos elétricos, autônomos e conectados.
Depois que a Casa Branca recebeu a proposta, a indústria lançou uma grande campanha contrária. A indústria tem alertado que teme que tarifas de até 25 por cento sobre milhões de veículos e autopeças importados adicionaram milhares de dólares aos custo de veículos e potencialmente gerariam centenas de milhares de demissões.
A Motor and Equipment Manufacturers Association, que representa as empresas de autopeças, alertou que as tarifas vão reduzir o investimento nos EUA em um momento em que a indústria de veículos está registrando queda de vendas e lidando com o impacto de tarifas de Trump sobre aço e alumínio.
"Estas tarifas, se implementadas, poderão levar o desenvolvimento e implementação de novas tecnologias para fora do país, deixando os EUA para trás", afirmou a entidade. "Nenhuma companhia na indústria automotiva dos EUA pediu esta proposta."
O Departamento de Comércio enviou a proposta depois de abrir uma investigação em maio de 2018, a pedido de Trump. Conhecida como investigação da seção 232, seu propósito era determinar os efeitos de importações sobre a segurança nacional. Ela tinha um prazo para ser concluída até domingo.
Montadoras de veículos e empresas de autopeças antecipam que as recomendações incluídas na proposta do departamento a Trump preveem tarifas de até 20 a 25 por cento sobre veículos montados e autopeças, ou tarifas menores focadas em componentes e tecnologias relacionados a novas motorizações, direção autônoma, veículos conectados e compartilhados.