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DIs sobem de novo com cena política, apesar de intervenção do Tesouro

Publicado 06.06.2018, 16:59
Atualizado 06.06.2018, 17:00
© Reuters.  DIs sobem de novo com cena política, apesar de intervenção do Tesouro
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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam mais uma sessão em alta, mas longe das máximas, diante do quadro fiscal preocupante e o cenário eleitoral incerto, a despeito de o Tesouro Nacional ter anunciado nova intervenção no mercado.

"Claramente o humor mudou. Há uma visão negativa com o Brasil, com o cenário eleitoral e com a economia", afirmou o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano.

Pesquisas eleitorais têm mostrado dificuldades dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração. Na véspera, levantamento do DataPoder360 mostrou que o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) estava na segunda posição, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com Geraldo Alckmin (PSDB), visto pelos investidores com perfil reformista, sem decolar.

Além disso, a pesquisa mostrou o ex-prefeito de São Paulo João Doria, também do PSDB, como um dos possíveis candidatos, mas também sem força.

O mercado já estava desconfortável após a greve dos caminhoneiros, que levou o governo a usar recursos públicos para bancar redução nos preços do diesel neste ano, afetando ainda mais a já apertada margem fiscal do país.

Assim, a taxa do DI com vencimento em janeiro de 2027, que já havia avançado 0,54 ponto percentual na véspera, chegou a subir 0,88 ponto percentual na máxima desta sessão, antes de arrefecer o ritmo e terminar o dia com variação de 0,23 ponto percentual.

Numa tentativa de aliviar essa pressão sobretudo sobre os DIs os mais longos, o Tesouro anunciou três novos leilões de compra de Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F) "frente à manutenção do cenário de volatilidade do mercado".

Os DIs, entretanto, seguiram pressionados após o anúncio, só arrefecendo mais tarde, com os investidores se acomodando após o estresse da abertura.

O primeiro leilão aconteceu nesta sessão, com oferta de até 1,5 milhão de NTN-F com vencimentos em 2025, 2027 e 2029. O Tesouro recomprou apenas 449 mil papéis, a maioria com vencimento em 2025, que saiu com taxa de 11,65 por cento, ante consenso de 11,59 a 11,64 por cento.

O Tesouro já realizou seis leilões de compra desses papéis para tentar trazer mais equilíbrio, quando se dispôs a comprar 7,75 milhões de títulos, mas adquiriu 2,5 milhões, com volume financeiro total de 2,48 bilhões de reais.

Com tanta volatilidade, a curva a termo de juros passou a embutir mais prêmio e a precificar apostas majoritárias (cerca de 70 por cento) de aumento de 0,25 ponto percentual da Selic em junho, com o restante indicando manutenção, segundo dados da Reuters.

Na véspera, as apostas estavam praticamente divididas. Atualmente, a Selic está na mínima histórica de 6,50 por cento ao ano.

"Antes, o mercado estava muito alocado no cenário de centro-direita vencendo e isso está sendo reavaliado. Isso causa mal-estar, aversão forte (ao risco) e 'stop loss' (quando o investidor desmonta a posição para interromper perdas)", afirmou Serrano.

O temor com a cena política também influenciou o mercado de câmbio, onde o dólar chegou a encostar em 3,85 reais na máxima da sessão, movimento que também influenciou o mercado de DIs. O Banco Central também tem atuado com mais força no mercado de câmbio.

A recente valorização do dólar pode adicionar de 0,6 a 0,7 ponto percentual na inflação deste ano, mas ainda não suficiente para contaminar as expectativas de mais longo prazo e provocar preocupações com a política monetária por conta da alta ociosidade na economia, de acordo com especialistas consultados pela Reuters.

O limiar para desencadear mudanças na política monetária estaria na barreira de 4 reais, com o dólar permanecendo acima desse patamar, cenário ainda é considerado improvável.

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