Por Giuseppe Fonte e Gavin Jones
ROMA (Reuters) - O governo da Itália aprovou um plano de crescimento econômico nas primeiras horas desta quarta-feira, depois de uma reunião de gabinete tensa que expôs as divisões da coalizão governista e alimentou especulação sobre um colapso do governo
As disputas internas ofuscaram a cobertura da mídia do "decreto do crescimento", que defende isenções fiscais, incentivos para investimentos e procedimentos simplificados para contratos públicos.
Os partidos governistas, a Liga de direita e o Movimento 5 Estrelas anti-establishment, estão em choque agora que competem por votos antes das eleições do Parlamento Europeu de 26 de maio, o que leva os investidores a temerem a queda do governo.
O governo apresentou o decreto como um marco em seus esforços para fomentar o crescimento italiano, que perde para o de colegas da zona do euro há duas décadas, mas ao invés disso serviu para ressaltar uma desavença crescente entre os líderes da coalizão governista.
O chefe do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, apareceu para a reunião com mais de uma hora de atraso depois de aproveitar uma aparição na TV para pedir que um ministro da Liga renuncie devido a um escândalo de corrupção. O líder da Liga, Matteo Salvini, recusou-se a demitir o colega.
"É oficial: existem dois governos", disse a primeira página do jornal La Repubblica.
Di Maio e Salvini disseram várias vezes que querem que a aliança continue, apesar de se atacarem em uma série de temas, e não mostraram disposição para fazer concessões sobre o futuro do ministro da Liga no cerne do escândalo.
Armando Siri, subsecretário do Ministério dos Transportes e assessor econômico de Salvini, está sendo investigado por supostamente aceitar propinas para promover os interesses de empresas de energia renovável – ele nega qualquer irregularidade.
"Planejo governar durante um mandato inteiro, e não tenho intenção de mandar os italianos a eleições (antecipadas)", disse Salvini aos repórteres nesta quarta-feira.
Ele acrescentou que não forçará uma reformulação do gabinete para ter mais peso no governo após as eleições da UE, nas quais é provável que a Liga seja o partido mais votado, segundo pesquisas de opinião.
Ele disse que o primeiro-ministro, Giuseppe Conte – um acadêmico que não pertence a nenhum dos partidos governistas mas é próximo do 5 Estrelas – não pediu a renúncia de Siri. Pouco depois, Conte disse que conversará com o ministro, sem dar mais detalhes.