Por Philip Blenkinsop e Andrew Gray
BUDAPESTE (Reuters) - Líderes europeus se reuniram nesta quinta-feira à sombra da vitória eleitoral de Donald Trump, pedindo ações mais fortes para se defender e apoiar a Ucrânia, em um sinal claro para o republicano que há muito tempo é cético em relação à aliança transatlântica.
Mais de 40 líderes se reuniram em Budapeste em uma cúpula da Comunidade Política Europeia, criada após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, para unir a União Europeia e amigos, como o Reino Unido e a própria Ucrânia.
O relacionamento de Trump com seus pares europeus foi difícil durante grande parte de seu primeiro mandato. Desde então, ele disse que não defenderia aliados europeus a menos que eles gastassem mais em sua própria defesa.
Trump também expressou ceticismo sobre a escala de apoio dos EUA à Ucrânia e propôs tarifas sobre importações que prejudicariam os fabricantes europeus.
Sua eleição é uma nova fonte de ansiedade em um momento em que a Europa já está lutando contra a fraqueza de suas duas maiores potências -- a Alemanha, cujo governo acabou de entrar em colapso, e a França, onde o presidente Emmanuel Macron perdeu a maioria de seu partido no Parlamento.
A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e outros líderes falaram sobre a importância de continuar apoiando a Ucrânia contra a Rússia. Os comentários foram claramente direcionados tanto ao presidente eleito do outro lado do Atlântico quanto aos demais europeus presentes no salão.
"É do interesse de todos nós que os autocratas deste mundo recebam uma mensagem muito clara de que não existe o direito da força, que o Estado de Direito é importante", disse.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy afirmou que é muito cedo para prever o rumo que Trump tomaria, mas que ter um forte EUA seria bom para a Europa e vice-versa.
"É claro que ainda não podemos saber quais serão suas ações. Mas esperamos que os Estados Unidos se tornem mais fortes. Esse é o tipo de América que a Europa precisa. E uma Europa forte é o que os Estados Unidos precisam, na minha opinião", disse Zelenskiy.
HERBÍVORO ENTRE CARNÍVOROS
O presidente francês Emmanuel Macron, que há muito tempo pressiona a Europa a desenvolver cooperação na área de defesa, disse que a Europa não deve se tornar um "herbívoro" fraco cercado por "carnívoros".
"Precisamos ser capazes de nos defender", disse. "Não podemos delegar nossa segurança aos norte-americanos para sempre."
"Nosso papel não é comentar sobre a eleição de Trump e dizer se é uma coisa boa ou não. A questão é se estamos prontos para defender os interesses dos europeus", disse Macron.
O anfitrião da cúpula, o primeiro-ministro nacionalista de direita da Hungria, Viktor Orbán, é um dos poucos aliados próximos de Trump entre os líderes europeus e aplaudiu sua reeleição.
Mas outros foram diretos ao expressar suas preocupações.
O primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo, disse que está preocupado com a perspectiva de uma guerra comercial.
"Não se deve permitir que isso aconteça. Vamos agora tentar influenciar os EUA e a política futura de Trump para que ele entenda os riscos envolvidos", disse.
(Reportagem de Philip Blenkinsop, Andrew Gray, Krisztina Than e Anita Komuves em Budapeste; Benoit Van Overstraeten e Makini Brice em Paris; reportagem adicional de Essi Lehto em Helsinki e Yuliia Dysa em Kiev)