Por John Ruwitch
XANGAI (Reuters) - Líderes mundiais reunidos em Pequim nesta semana para uma reunião sobre a iniciativa chinesa "Nova Rota da Seda" ("Belt and Road", em inglês) devem concordar com financiamentos a projetos que respeitem as metas de dívida globais e que promovam o crescimento sustentável, de acordo com um rascunho de um comunicado visto pela Reuters.
A iniciativa é uma polícia chave do presidente Xi Jinping que prevê reconstruir a antiga Rota da Seda para conectar a China com Ásia, Europa e além, o que passaria por investimentos massivos em infraestrutura.
O projeto, no entanto, tem se provado controverso em muitas capitais ocidentais, particularmente Washington, que o vê como mera forma de espalhar a influência chinesa pelo exterior e sobrecarregar países com dívidas insustentáveis através de projetos não transparentes.
Os Estados Unidos têm sido particularmente críticos da decisão da Itália de aderir ao plano no mês passado-- os italianos foram o primeiro país do G7 a fazê-lo.
Em um aparente aceno à essas preocupações, o comunicado em preparação na reunião reitera compromissos alcançados em um último encontro, em 2017, de que o financiamento à iniciativa será sustentável – mas acrescenta uma linha sobre dívida, que não foi incluída da última vez.
"Apoiamos a colaboração entre instituições financeiras nacionais e internacionais para providenciar apoios financeiros diversificados e sustentáveis para os projetos”, diz o rascunho do comunicado.
“Encorajamos o financiamento em moeda local, o estabelecimento mútuo de instituições financeiras e um papel maior de desenvolver os financiamentos em linha com as respectivas prioridades nacionais, leis, regulações e compromissos internacionais, e os princípios acordados pela UNGA sobre sustentabilidade da dívida”, acrescenta o texto, em referência à Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA, na sigla em inglês).
A palavra “verde” aparece no rascunho sete vezes. Ela não havia sido mencionada nem uma vez no comunicado de dois anos atrás.
“Nós sublinhamos a importância de promover o desenvolvimento verde”, afirma o comunicado. “Encorajamos o desenvolvimento de financiamento verde, incluindo a emissão de títulos verdes de dívida, bem como o desenvolvimento de tecnologia verde.”
O principal diplomata do governo chinês, Wang Yi, afirmou na sexta-feira que o projeto Nova Rota da Seda não é uma “ferramenta geopolítica” e que a iniciativa não gerará uma crise de dívida para os países participantes, mas acrescentou que Pequim dá boas-vindas a sugestões construtivas sobre como abordar essas preocupações.
Um total de 37 líderes estrangeiros devem participar da reunião entre 25 e 27 de abril, ainda que os Estados Unidos estejam enviando apenas representantes de baixo nível, refletindo seu desconforto com a iniciativa.
O número de líderes estrangeiros para a reunião é maior que os 29 presentes da última vez, com a presença principalmente de aliados próximos à China como Paquistão e Rússia, mas também de Itália, Suíça e Áustria.
A China tem dito repetidamente que programa seria benéfico para todo o mundo e que está comprometida em manter as normas aceitas globalmente e em garantir projetos que sejam transparentes e representem ganhos para todas as partes.
“Enfatizamos a importância do Estado de Direito e de oportunidades iguais para todos”, diz o rascunho.