Por Alexandra Ulmer e Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - Os equatorianos votam neste domingo em uma disputada eleição presidencial que pode ver um aliado do presidente Rafael Correa estender uma década de governo de esquerda ou um ex-banqueiro adotar políticas mais amigáveis para os negócios.
O país andino está nervoso após uma tensa campanha que teve como centro uma economia decadente, enquanto a região está observando para ver se o Equador seguirá Argentina, Brasil e Peru em uma guinada à direita após o fim do boom das commodities.
A eleição no Equador também tem repercussão internacional, com o desafiante conservador Guillermo Lasso prometendo retirar o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, da embaixada do Equador em Londres se vencer a disputa de domingo.
O candidato do governo, Lenin Moreno, de 64 anos, ex-vice-presidente que é paraplégico, perdeu a vitória no primeiro turno, em fevereiro, pelo limite mínimo e as últimas pesquisas o mostram a frente de Lasso no segundo.
Moreno, que usa uma cadeira de rodas desde que foi baleado em um assalto em 1998, prometeu ampliar os benefícios sociais para mães solteiras, pensionistas e portadores de necessidades especiais equatorianos, enquanto é mais conciliador que Correa.
Ele retrata seu oponente como um elitista que acabará com políticas de bem-estar social e o conecta à crise financeira de 1999, quando centenas de milhares de equatorianos perderam suas poupanças, uma mensagem que ressoou fortemente no país pobre de cerca de 16 milhões de habitantes.
"Um banqueiro não pode ligar para pobreza", disse o defensor do governo Hugo Moreno enquanto fumava em uma parada de ônibus na nebulosa capital andina, Quito. "Eu não quero que nada mude".
Lasso, de 61 anos, é ex-presidente do Banco de Guayaquil e fez campanha em cima da criação de um milhão de empregos em quatro anos. Ele argumenta que as generosas promessas sociais de Moreno arriscam afundar ainda mais a economia do Equador em dívidas.
Ele também acusa o partido governista Aliança País de acobertar escândalos de corrupção, sufocar a imprensa e abarrotar as instituições com apoiadores, assim como o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, um aliado de Correa.
De fato, a crise política na Venezuela está criando uma sombra sobre a eleição do Equadror.
"Estamos começando o que a Venezuela começou a se tornar sete anos atrás", disse o eletricista Carlos Forgues, 34 anos, um ex-apoiador do governo que votará em Lasso.
"Eles (os venezuelanos) acordaram para a cruel realidade, vendo o governo tomando o controle de tudo e isso é o que está começando a acontecer aqui, com a falta de dinheiro, falta de empregos, constantes mudanças na política econômica, saída de empresas e falta de investimentos".
(Reportagem adicional de Yury Garcia)