Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve deve manter a taxa de juros inalterada ao fim de sua reunião na próxima semana, mas a história mais importante que se desenrolará será como o banco central dos Estados Unidos confrontará as primeiras medidas do presidente Donald Trump, que provavelmente moldarão a economia este ano.
Trump já estava complicando o trabalho do Fed com promessas de restringir a imigração e aumentar as taxas de importação e, na quinta-feira, disse a líderes empresariais globais que pedirá que o banco central reduza os juros.
"Vou exigir que os juros caiam imediatamente e, da mesma forma, eles deveriam estar caindo em todo o mundo", disse Trump no Fórum Econômico Mundial, em Davos, revisitando uma forma de pressão que ele aplicava regularmente ao Fed com pouco efeito aparente em seu primeiro mandato.
Nos primeiros dias de seu novo mandato, Trump endureceu as regras de imigração, com a expectativa de um aumento nas deportações, e ameaçou elevar tarifas de importação em 1º de fevereiro, a primeira do que se espera ser uma série de medidas que podem se concretizar de maneiras ainda desconhecidas.
O desafio para o chair do Fed, Jerome Powell, e seus colegas será determinar o quanto permitir que a incerteza sobre o que está por vir influencie as decisões de política monetária e o quanto orientar sobre as perspectivas do Fed.
A orientação do Fed "é uma previsão, e hoje em dia qualquer previsão tem a ver com economia política. Isso é difícil de ser feito por uma agência independente", disse Vincent Reinhart, ex-membro do Fed e atual economista-chefe do BNY Investments.
"Não se pode mudar a política monetária com base na suposição de que haverá tarifas ou legislação tributária até o final deste ano. Neste momento, há muitas partes em movimento."
A velocidade e a direção das medidas de Trump nos próximos meses provavelmente influenciarão o que o Fed espera que seja a última fase de sua luta para conter a inflação, que atingiu o maior nível em 40 anos em 2022, mas agora está a cerca de meio ponto percentual de sua meta de 2%.
Depois de reduzir a taxa de juros em um ponto percentual no ano passado, o Fed se reúne na terça e na quarta-feira, e é provável que mantenha os juros na faixa atual de 4,25% a 4,50%.
Os dados desde a última reunião do Fed, em 17 e 18 de dezembro, mantiveram intacta a visão central entre as autoridades de que a inflação continuará se movendo de forma constante, ainda que lentamente, em direção a meta 2%, com uma taxa de desemprego baixa e a continuidade das contratações e do crescimento econômico.
As autoridades do Fed já acenaram para os possíveis efeitos das políticas comerciais e de imigração e outras políticas de Trump, com a reunião de dezembro prevendo um crescimento um pouco mais lento, maior desemprego e pouco progresso na inflação para o próximo ano.
A ata dessa reunião mostraram que "vários" membros passaram por um exercício semelhante, com uma projeção mediana atualizada deles mostrando menos progresso na inflação e um ritmo mais lento de cortes até 2025 - apenas meio ponto percentual em comparação com o ponto inteiro visto em setembro.