Washington, 18 abr (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta quarta-feira que a dívida global se encontra mais alta do que nunca, ao alcançar 225% do PIB mundial, superando inclusive o pico registrado em 2009, em grande parte por culpa do crescente endividamento da China.
"A maioria da dívida pertence a economias avançadas, mas a China sozinha contribuiu para 43% do aumento desde 2007", apontou o diretor de Assuntos Tributários do FMI, o português Vitor Gaspar, na apresentação de um relatório como parte do encontro de primavera da organização.
China, Japão e Estados Unidos são responsáveis por mais da metade da dívida global, uma proporção significativamente maior que a participação desses países na produtividade global, segundo o estudo divulgado.
Comparado com o pico anterior em 2009, o mundo está agora 12% do produto interno bruto (PIB) mais endividado, US$ 164 trilhões, um aumento ocasionado por culpa de um aumento da dívida pública e da do setor privado não financeiro.
Em economias avançadas e emergentes, a dívida pública chegou a um nível "não visto desde a Segunda Guerra Mundial", disse Gaspar ao contextualizar o dado.
A dívida pública desempenha um papel importante neste aumento global, o que reflete o colapso econômico durante a crise financeira mundial e a resposta política, assim como os efeitos da queda de 2014 nos preços das matérias-primas e o rápido crescimento da despesa no caso dos mercados emergentes e nos países em desenvolvimento de baixa renda.
O número médio da dívida a respeito do PIB dos países avançados se situa em 105%, enquanto nas economias emergentes, o passivo está em 50%.
"No passado, esses dados foram associados a crises. O endividamento dos emergentes só era superior na década de 80, um período que ganhou a alcunha de década perdida na América Latina", acrescentou o funcionário do FMI.
Em geral, os previsões indicam que a relação entre a dívida pública e o PIB cairá nos próximos cinco anos em aproximadamente dois terços dos países, desde que os países cumpram os seus compromissos.
Gaspar afirmou que a reforma tributária aprovada em dezembro pelo Congresso americano significará um aumento do déficit público de US$ 1 trilhão para a economia dos EUA, ou seja, mais de 5% do PIB. Segundo as perspectivas, a dívida dos EUA crescerá de 108% do PIB registrado em 2017 para 117% em 2023.
A publicação do relatório coincide com a assembleia de primavera do FMI e do Banco Mundial (BM), realizada nesta semana em Washington e para a qual estão convocados os ministros de Economia e governadores dos bancos centrais dos 189 países-membros.