FMI eleva projeção de crescimento global com tarifas mais benignas, mas alerta para nova tensão entre EUA e China

Publicado 14.10.2025, 10:11
Atualizado 14.10.2025, 10:14
© Reuters.

Por David Lawder

WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional aumentou sua previsão de crescimento global para 2025 nesta terça-feira já que os choques tarifários e as condições financeiras se mostraram mais benignos do que o esperado, mas alertou que uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China pode reduzir a produção significativamente.

O FMI disse em seu relatório Perspectiva Econômica Global que acordos comerciais recentes entre os EUA e algumas das principais economias evitaram o pior das tarifas ameaçadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, com pouca retaliação, o que motivou sua segunda revisão para cima do crescimento desde abril.

O Fundo agora prevê um crescimento real do PIB global de 3,2% em 2025, acima da previsão de julho de 3,0% e também da estimativa de 2,8% de abril, após Trump impor tarifas "recíprocas" globais e uma escalada de retaliação com a China. A previsão é de um crescimento global de 3,1% em 2026, inalterado em relação a julho.

Além de tarifas menores que o esperado, a produção global foi sustentada por um setor privado ágil que antecipou as importações e redirecionou rapidamente as cadeias de oferta, pelo dólar mais fraco, estímulo fiscal na Europa e na China e um boom de investimentos em IA, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas.

"Então, em suma: não tão ruim quanto temíamos, mas pior do que prevíamos há um ano e pior do que precisamos", disse ele antes do início das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial nesta semana.

Mas Trump quebrou a relativa calma na sexta-feira ao ameaçar impor tarifas de 100% sobre produtos chineses – além de taxas médias de 55% – em retaliação à expansão por Pequim dos controles de exportação de terras raras. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na segunda-feira que negociações estão em andamento para neutralizar uma grande escalada na guerra comercial entre EUA e China.

"Obviamente, se isso se materializar, será um risco muito significativo para a economia global", disse Gourinchas à Reuters em uma entrevista, acrescentando que a escalada pode reduzir significativamente as previsões de crescimento e aumentar a incerteza que está paralisando investimentos e gastos.

Em um cenário de risco negativo no relatório que modela o impacto de tarifas 30 pontos percentuais maiores que os níveis atuais sobre produtos da China e 10 pontos percentuais maiores para o Japão, a zona do euro e os mercados emergentes asiáticos, o FMI conclui que isso reduziria o crescimento global em 2026 em 0,3 ponto percentual, com o impacto negativo aumentando para mais de 0,6 ponto percentual até 2028.

Somando-se outros potenciais impactos adversos, incluindo maiores expectativas de inflação e taxas de juros e menor demanda por ativos dos EUA, o FMI disse que a redução do PIB global nesse cenário poderia atingir 1,2 ponto percentual em 2026 e 1,8 ponto percentual até 2027.

CRESCIMENTO ESTÁVEL NOS EUA

Mas, segundo as previsões básicas do FMI, a perspectiva para os EUA permanece resiliente, com crescimento de 2,0% em 2025, uma ligeira melhora em relação à previsão de 1,9% em julho. O FMI prevê um crescimento do PIB dos EUA de 2,1% em 2026, também uma ligeira melhora em relação a julho, mas bem abaixo da taxa de crescimento dos EUA de 2,8% em 2024.

O Fundo citou tarifas mais baixas do que o esperado, um impulso fiscal do projeto de lei tributária dos republicanos, condições financeiras mais frouxas e um aumento no investimento em inteligência artificial como fatores que sustentam o crescimento dos EUA.

A expansão da zona do euro também melhorou um pouco nas previsões do FMI, de 1,0% em julho para 1,2%, devido à expansão fiscal na Alemanha e ao forte impulso contínuo na Espanha.

O FMI elevou sua previsão de crescimento para 2025 na América Latina e no Caribe de 2,2% em julho para 2,4%, principalmente devido a uma elevação de 0,8 ponto percentual para o México, a segunda maior economia da região, para 1,0% em 2025.

O FMI manteve suas previsões de crescimento da China em 4,8% para 2025 considerando que o aumento das exportações provavelmente é insustentável, e em 4,2% para 2026.

"As perspectivas continuam preocupantes na China, onde o setor imobiliário ainda se encontra instável quatro anos após o estouro da bolha imobiliária", afirmou Gourinchas em um blog que acompanha o relatório. "Os riscos à estabilidade financeira são elevados e crescentes, à medida que o investimento imobiliário continua a contrair, a demanda geral por crédito permanece fraca e a economia oscila à beira de uma armadilha de deflação e dívida."

O FMI manteve sua previsão de inflação global praticamente inalterada em 4,2% para 2025 e 3,7% para 2026, mas disse que houve divergência entre os países, com as previsões de inflação aumentando nos EUA uma vez que as empresas que adiaram o aumento de preços começarão a repassar os custos das tarifas aos consumidores.

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