SÃO PAULO (Reuters) - O mercado reduziu suas perspectivas de crescimento da economia e da inflação, em meio a sinais cada vez mais claros de que a atividade iniciou este ano patinando mais do que o esperado, mantendo o caminho aberto para mais redução na taxa básica de juros, mostrou a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira.
Ao mesmo tempo, o grupo de economistas que mais acerta as projeções, o Top 5, passou a ver que a Selic subirá menos do que o esperado até então em 2019.
A alta do IPCA foi calculada agora em 3,48 por cento em 2018 e em 4,07 por cento em 2019, sobre 3,53 e 4,09 por cento na pesquisa anterior, respectivamente.
O IPCA teve variação positiva de apenas 0,09 por cento em março, nível mais baixo para o mês em 24 anos, acumulando em 12 meses avanço de 2,68 por cento, ainda mais abaixo do piso da meta deste ano, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O nível baixo de inflação ratifica a indicação do BC de novo corte da Selic em maio, antes de encerrar o ciclo de flexibilização. Hoje, a taxa básica de juros está na mínima histórica de 6,50 por cento ao ano e, pelo Focus, deve fechar 2018 a 6,25 por cento, mesmo cenário visto no levantamento anterior.
Para 2019, as projeções também não mudaram na mediana geral do mercado, com a taxa indo a 8 por cento.
Mas a cena mudou quando se olha para o Top 5, com a Selic fechando o próximo ano a 7,50 por cento, sobre 8 por cento, no cenário de médio prazo. As contas mudaram também no cenário de curto prazo, com a Selic sendo vista no fim de 2019 a 7,75 por cento, sobre 8 por cento até então.
A perspectiva de menor inflação e juros vem junto com as expectativas de atividade econômica acelerando menos. O Focus mostrou que, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das projeções apontou para expansão de 2,76 por cento este ano, contra 2,80 por cento calculados antes, chegando a 3 por cento em 2019, mesmo número do levantamento anterior.
O grande destaque foi para a perda de força esperada na produção industrial, com a projeção de crescimento recuando a 3,97 por cento neste ano, sobre 4,29 por cento antes. Para 2019, as estimativas continuaram de crescimento de 3,50 por cento do setor, apontou o Focus.
O BC informou nesta manhã ainda que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do PIB, registrou ligeira alta de 0,09 por cento em fevereiro na comparação com janeiro.
O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de crescimento de 0,15 por cento, na mediana das projeções de especialistas consultados.
Veja abaixo as principais projeções do mercado para a economia brasileira, de acordo com a pesquisa semanal do Banco Central com cerca de 100 instituições financeiras.
(Por Patrícia Duarte; Edição de Marcela Ayres)