Investing.com – Apesar do fato de que a divulgação do relatório mensal de empregos nesta sexta-feira mostrou que menos empregos foram criados em outubro do que o previsto, analistas comentavam que os dados deixavam o Federal Reserve com força total para avançar em seu ciclo "gradual" de endurecimento.
As folhas de pagamento não agrícolas tiveram aumento de 261.000 em outubro, em comparação à criação de apenas 18.000 empregos no mês anterior quando os furacões Harvey e Irma tiveram impacto na economia norte-americana.
O forte número ainda não atingiu o consenso das estimativas de que o número de empregos criados não seria menor do que 310.000.
No entanto, a forte recuperação parece se encaixar na avaliação feita pelo Fed na quarta-feira que "o mercado de trabalho continuou a se fortalecer e a atividade econômica cresceu em ritmo sólido mesmo com as interferências relacionadas aos furacões".
Outro ponto decepcionante em relação aos dados no relatório foi a leitura estável dos ganhos médios por hora, que não atingiram as projeções de ganhos de 0,2%.
Isso deixou a leitura anualizada em 2,4% em outubro, abaixo das expectativas de aumento de 2,7%.
O aumento nos salários é acompanhado de perto pelo Federal Reserve na busca de evidências de menor folga no mercado de trabalho e pressões inflacionárias ascendentes. Economistas geralmente consideram que um aumento de 3,0% ou mais seria consistente com inflação em alta.
No entanto, especialistas do Wells Fargo observaram que eles não acreditavam que isso impediria que o Fed elevasse as taxas de juros em dezembro.
"Salários estáveis não nos preocupam tanto", afirmaram.
"Acreditamos que pressões salariais poderão começar a pesar nos mercados no ano que vem em um mercado de trabalho apertado", explicaram.
Analistas da ETX também concordavam que o relatório ambíguo não impediria o Fed de elevar os juros na reunião de dezembro.
"Com a reforma tributária agora em pauta, nós tempos também que presumir que os decisores começarão a refletir isso em suas projeções — algo que eles têm se recusado a fazer até agora — e isso poderia elevar as expectativas de aumento dos juros em 2018", afirmaram eles após o relatório.
Economistas do ING também não foram influenciados pelos números mais fracos do que o esperado.
"Com a economia crescendo com força e a reforma tributária provavelmente acrescentando mais gasolina ao fogo, a situação para maiores taxas de juros nos EUA continua a se consolidar", comentaram eles em uma nota após o relatório de empregos.
"Salvo um fechamento do governo no início de dezembro, que seria danoso economicamente, esperamos que o Fed eleve as taxas de juros em 13 de dezembro com nada menos que mais dois aumentos prováveis sob o novo presidente do Fed, Jerome Powell, no ano que vem", concluíram.
Após o relatório, os mercados também não se abalaram em relação às expectativas de aumento dos juros no final do ano. As apostas de um aumento dos juros no fim do ano estavam em torno de 98%, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com.