Riga, 19 fev (EFE).- O governador do Banco da Letônia, Ilmars Rimsevics, detido no domingo, é suspeito de ter solicitado e recebido uma propina de pelo menos 100 mil euros, segundo informou nesta segunda-feira o diretor do Escritório para a Prevenção e a Luta contra a Corrupção (KNAB) do país, Jekabs Straume.
Straume afirmou que Rimsevis está detido em uma prisão de Riga, a capital do país, mas que deve ser posto em liberdade sob pagamento de fiança ainda nesta tarde.
O responsável pelo departamento anticorrupção explicou que, além de Rimsevics, outra pessoa, cujo nome não foi divulgado, está sendo investigada por supostamente ter facilitado a propina.
O governador foi detido no domingo por agentes do KNAB no aeroporto de Riga após retornar ao país de uma viagem ao exterior. Nos últimos dias foram investigados os escritórios de Rimsevics na entidade financeira e sua residência nos arredores da capital.
Após a acusação da prática criminosa, o KNAB é responsável por fixar os termos da libertação ou da permanência de Rimsevics na prisão.
O primeiro-ministro letão, Maris Kucinskis, afirmou à imprensa local que o KNAB pedirá a suspensão de Rimsevics como responsável pelo banco central.
A ministra de Finanças, Dana Reizniece-Ozola, pediu ontem a renúncia de Rimsevics, ao considerar que a permanência no cargo danifica a reputação da Letônia nos mercados internacionais.
Segundo Reizniece-Ozola, a detenção do governador e as acusações das autoridades dos EUA contra o segundo maior banco do país, o ABLV, por suposta lavagem de dinheiro tinham forçado o país a alterar planos para refinanciar a dívida nacional, embora não tenha especificado quais.
ABLV nega as acusações de Washington, mas o Banco Central Europeu (BCE) informou nesta segunda-feira que impôs uma moratória à entidade pela qual se proíbem todos os pagamentos, após a "significativa deterioração" da sua posição financeira depois que os EUA a acusassem de manter negócios com a Coreia do Norte.
O primeiro-ministro letão explicou que, segundo o departamento anticorrupção nacional, o caso de Rimsevics não está relacionado com os escândalos que rodeiam o ABLV, implicado também no pagamento de supostas propinas a autoridades letãs, de acordo com as acusações americanas.
Rimsevics dirigiu o Banco da Letônia desde 2001 e foi reeleito para o posto em 2007 e em 2013 pelos cem membros do Parlamento letão (Saeima), a instituição encarregada de nomear o governador e a única que pode cessá-lo, por crimes graves, antes do término de seu mandato, em 2019.
Ilmars Rimsevics é um dos cargos públicos mais bem pagos na Letônia, com um salário bruto anual de aproximadamente 150 mil euros.
Antes da crise financeira de 2008, o salário do cargo chegava a 170 mil euros e, no debate público sobre o caso, foi defendida a necessidade de o governador do banco central ter independência financeira para evitar influências externas.