Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O leilão de concessões para a construção de novas linhas de transmissão de energia realizado pelo governo nesta segunda-feira atraiu forte interesse de investidores, sinalizando uma melhoria no ambiente do setor, com registro de propostas para 31 empreendimentos que deverão demandar 12,7 bilhões de reais em aportes das empresas vencedoras.
A licitação teve a participação de 50 agentes, entre empresas isoladas e organizadas em consórcios, o que levou a diversas disputas acirradas e resultou em um significativo deságio médio de 36,47 por cento em relação às receitas máximas oferecidas por cada projeto, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em alguns lotes, os descontos --que significam custos menores para o consumidor no futuro, quando as linhas forem entregues-- chegaram a quase 60 por cento, confirmando expectativas otimistas do mercado e de autoridades às vésperas da licitação.
Entre as empresas vencedoras destacaram-se grupos com capital estrangeiro, como a Cteep, controlada pela colombiana Isa; a Elektro, da espanhola Iberdrola (MC:IBE); a EDP (SA:ENBR3) Brasil, do grupo português EDP Energias de Portugal; e a indiana Sterlite Power Grid, que estreou no país por meio da licitação.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse a jornalistas após o leilão que o resultado mostra que há uma melhoria do ambiente de negócios no setor elétrico do Brasil.
Ele ressaltou ainda que os bons deságios foram obtidos mesmo sem a participação de estatais, que no passado jogavam para baixo os preços nas licitações de linhas de transmissão.
"Isso mostra o interesse da empresa privada em voltar a investir mais fortemente no Brasil", disse ele.
Apesar do forte deságio, o governo não encontrou interessados para quatro dos 35 projetos leiloados.
Se todos os 35 empreendimentos licitados tivessem sido arrematados, as linhas a serem construídas exigiriam cerca de 13,1 bilhões de reais.
VENCEDORES
A Cteep foi a vencedora do leilão em número de lotes, ao arrematar cinco empreendimentos, um deles em parceria com a Taesa , uma transmissora controlada pela mineira Cemig (SA:CMIG4) em conjunto com a Isa e o fundo Coliseu. Os projetos demandarão cerca de 3,2 bilhões de reais, segundo estimativa da Aneel.
Também se destacou no pregão a distribuidora de energia Elektro, da espanhola Iberdrola, que ficou com quatro projetos e marcou seu avanço para o setor de transmissão com lances agressivos, que chegaram a representar deságio de mais 50 por cento. As linhas arrematadas deverão exigir cerca de 866,7 milhões de reais.
Já a EDP Energias do Brasil, do grupo português EDP Energias de Portugal, também arrematou quatro concessões, uma delas em parceria com a catarinense Celesc (SA:CLSC4). Os lotes arrematados pela companhia somam 3,7 bilhões de reais em investimento previsto.
Outro grupo que chamou atenção no leilão foi a transmissora indiana Sterlite Power, que em sua estreia no Brasil ficou com dois lotes, após apresentar propostas agressivas, uma delas com um deságio de 58,86 por cento. Os projetos devem demandar cerca de 560 milhões de reais.
A Energisa (SA:ENGI4), que controla concessionárias de distribuição de energia, também expandiu os investimentos para a transmissão, arrematando dois lotes, com aportes totais estimados em 625 milhões de reais.
A Equatorial Energia (SA:EQTL3) , que atua em distribuição e geração e estreou em transmissão em um leilão no ano passado, arrematou mais um lote, de 671 milhões de reais, apesar de ter participado de diversos embates no pregão.
Também ficaram com apenas um lote cada a espanhola Cobra e a brasileira Alupar (SA:ALUP11).
A gestora de recursos Vinci levou um lote, com a Vinci Infra, e empresas menos conhecidas no setor elétrico também conseguiram ficar com empreendimentos, como a RC Administração e Participações, que ficou com dois lotes, a Arteon Z Energia, também com duas concessões, e o consórcio Cesbe-Fasttel, com um lote.
Participaram ainda da licitação, embora sem sucesso nos embates, a italiana Enel (MI:ENEI), a francesa Engie, a CPFL (SA:CPFE3) , controlada pela chinesa State Grid, e a estatal paranaense Copel (SA:CPLE6), entre outras.