EUA e União Europeia selam acordo histórico, e o Brasil precisa prestar atenção

Publicado 28.07.2025, 10:15

O que era uma ameaça de guerra tarifária global se transformou em um dos maiores acordos comerciais da década. Neste fim de semana, os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram um pacto que estabelece uma tarifa de 15% para a maioria dos produtos europeus, evitando a escalada para tarifas de 30% a 50%, que poderiam entrar em vigor já em agosto.

Embora pareça um movimento bilateral, esse acordo carrega implicações profundas para o comércio global, e especialmente para países exportadores como o Brasil.

O que ficou definido no acordo EUA-UE?

  • Tarifa de 15% para a maioria dos bens europeus exportados para os EUA.

  • Aço e alumínio seguirão com tarifa de 50% — um recado claro de proteção à indústria americana.

  • Produtos estratégicos como semicondutores, químicos, aviões e alimentos receberam condições mais brandas ou isenções.

Em troca, a União Europeia se comprometeu a:

  • Comprar US$ 750 bilhões em energia americana

  • Investir US$ 600 bilhões em equipamentos militares e tecnologia dos EUA

Por que o Brasil deve se preocupar?

  1. Perda de competitividade para o mercado europeu
    Com tarifas agora previsíveis, os produtos europeus se tornam mais atraentes e confiáveis para o mercado americano. Exportadores brasileiros, especialmente em áreas como vinhos, cosméticos, peças industriais e produtos agrícolas, enfrentam agora concorrência favorecida por acordos comerciais.

  2. Risco de desvio de investimentos e contratos
    Parte dos investimentos e contratos bilionários que poderiam ter como destino países da América Latina, especialmente energia e infraestrutura, serão canalizados para a Europa, por força do acordo.

  3. Isolamento estratégico do Brasil
    Enquanto Europa e EUA fecham alianças, e México e Canadá mantêm o USMCA (ex-NAFTA), o Brasil segue sem acordos sólidos com os EUA e com dificuldades de avançar com o Mercosul. O cenário reforça a necessidade urgente de reposicionamento estratégico no comércio internacional.

Setores sob pressão:

  • Aço e alumínio brasileiros continuarão prejudicados, pois enfrentam as mesmas tarifas elevadas que os europeus, mas sem o benefício da previsibilidade ou isenções.

  • Produtos agrícolas, como carnes e grãos, também podem ver preferência por fornecedores europeus, que terão contratos amparados por cláusulas comerciais estáveis.

O que o Brasil pode (e deve) fazer agora?

  • Reforçar acordos bilaterais e regionais: é hora de tirar da gaveta negociações comerciais com EUA, Canadá, Ásia e outros blocos.

  • Ofensiva diplomática e comercial: empresas e governo devem estar mais presentes em fóruns internacionais e lobbies comerciais.

  • Apoiar inovação e agregar valor à exportação: o Brasil ainda exporta muita commodity bruta. É preciso subir na cadeia de valor para competir com Europa e EUA.

  • Ampliar previsibilidade e segurança jurídica: investidores olham para estabilidade. O novo acordo reforça que o jogo global será entre blocos organizados e protegidos.

Este novo acordo entre EUA e União Europeia muda o jogo. Não apenas porque evita uma guerra comercial,mas porque redefine alianças, preferências e fluxos de capital global.

O Brasil, se quiser continuar relevante no comércio internacional, precisa agir com visão, estratégia e urgência. A neutralidade já não é uma opção. O mundo está se reorganizando, e quem ficar de fora pagará caro.

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