BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério do Desenvolvimento Social disse nesta sexta-feira que um grupo de trabalho apresentará medidas até a próxima semana para impedir a utilização de fundos do Bolsa Família com apostas online, as chamadas "bets".
O Bolsa Família, uma marca registrada dos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fornece transferências diretas de dinheiro para as famílias mais pobres do país e tem um custo anual de 168,6 bilhões de reais, ou 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Um estudo do Banco Central mostrou que 5 milhões de pessoas de famílias beneficiárias do Bolsa Família gastaram um total de 3 bilhões de reais com empresas de apostas online em agosto a partir de transferências por Pix, com um gasto médio de 100 reais por pessoa.
Isso significa que um valor equivalente a cerca de 20% do orçamento mensal do programa foi gasto em empresas de "bets". Dados oficiais mostram que o Bolsa Família apoia 21 milhões de famílias, com benefício médio de 685 reais por mês.
"Estamos trabalhando alternativas. Uma delas é o limite zero para o uso do benefício social como o Bolsa Família, para jogos, para 'bets'. E um controle com base no CPF para a partir daí adotar as medidas necessárias", disse o ministro da pasta, Wellington Dias, em vídeo distribuído aos jornalistas.
Segundo Dias, uma proposta de alteração das regras será submetida a Lula.
Ele disse que o valor médio gasto por pessoa é significativo e contrasta com a finalidade do Bolsa Família, que é garantir recursos para alimentação e necessidades básicas.
Na manhã desta sexta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse em evento que o objetivo do estudo da autarquia não é a "demonização" do Bolsa Família, mas alertar o governo ao mostrar que grupos de baixa renda estão gastando muito dinheiro em "bets".
(Por Marcela Ayres)