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Lava Jato prende ex-gerentes da Petrobras e diz que ainda há muito trabalho a fazer na estatal

Publicado 04.05.2017, 18:26
© Reuters. Veículo da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
PETR4
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RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira três ex-gerentes da Petrobras (SA:PETR4) suspeitos de receberam mais de 100 milhões de reais em propina, em uma nova fase da Lava Jato que descobriu pagamentos ilegais realizados até meados de 2016, levando a força-tarefa a afirmar que ainda há "muito trabalho" a ser feito para revelar possíveis casos adicionais de corrupção na estatal.

As investigações, que contaram com depoimentos de delatores tanto da Petrobras como de empreiteiras que teriam pago os valores ilegais em troca de contratos com a empresa na área de Gás e Energia, apontam que as propinas prosseguiram ao menos até junho do ano passado, mesmo com a Lava Jato em andamento, de acordo com as autoridades.

Também são investigados operadores financeiros que utilizaram empresas de fachada para intermediar a propina, inclusive fazendo uso da lei recentemente aprovada pelo Congresso para a repatriação de recursos no exterior para tentar regularizar os ativos.

"Fica claro que há muito trabalho ainda a ser feito na própria Petrobras. Nada garante que nós tenhamos hoje realmente uma empresa limpa de toda a corrupção do seu passado", disse a jornalistas o procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista em Curitiba sobre a 40ª fase da operação.

"Mesmo hoje trabalhando em cima de casos com ex-gerentes nós certamente ainda vamos descobrir muitas pessoas na ativa que também tiveram participação em fatos criminosos”, acrescentou.

São investigados os crimes de fraude à licitação, corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo cerca de 15 contratos de licitações de grande porte da Petrobras que foram fraudados pelo grupo criminoso, com valor total de 5 bilhões de reais, de acordo com os investigadores.

Além dos três ex-gerentes da estatal, a Polícia Federal também prendeu um quarto suspeito de envolvimento no esquema e cumpriu mandados de busca e apreensão e condução coercitiva nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Entre os delatores está o ex-gerente de empreendimentos da área de Gás e Energia da estatal petrolífera Edison Krummenauer, que reconheceu ter recebido aproximadamente 15 milhões de reais de propina nesse esquema, disse o MPF.

As empreiteiras responsáveis pelo pagamento de propina ao grupo criminoso descoberto pela nova fase da Lava Jato são "basicamente as mesmas do cartel" revelado anteriormente pela operação, segundo os procuradores.

Em comunicado, a Petrobras afirmou que trabalha em "estreita parceria" com as autoridades da Lava Jato e que é a maior interessada em ver todos os fatos esclarecidos.

A Petrobras informou ainda que se coloca à disposição dessas autoridades para que, com base nas evidências, possa vir a identificar e afastar imediatamente eventuais infratores. "É do interesse da direção da empresa e da imensa maioria dos trabalhadores da Petrobras, que são dedicados e comprometidos com a empresa e com a ética, que isso aconteça o mais rapidamente possível", afirmou a empresa.

"CAIXA-PRETA" DA REPATRIAÇÃO

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, um dos ex-gerentes da Petrobras presos nesta quinta-feira utilizou o programa de repatriação de ativos no exterior aprovado pelo Congresso no ano passado para tentar regularizar cerca de 48 milhões de reais que eram mantidos ocultos em conta nas Bahamas.

Procuradores da Lava Jato disseram que essa descoberta demonstra a necessidade de se "abrir a caixa-preta" dos recursos regularizados por meio do projeto de lei da repatriação, que só na primeira fase rendeu mais de 45 bilhões de reais ao governo no ano passado. Segundo os investigadores, a lei está sendo usada para lavagem de dinheiro.

“Esse fato é gravíssimo, pois mostra que a lei de regularização cambial institucionalizou a lavagem de dinheiro dos ativos mantidos no exterior”, disse o procurador Diogo Castor, também integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

© Reuters. Veículo da Polícia Federal do Rio de Janeiro.

A nova fase da Lava Jato, a 40ª etapa da operação, foi chamada Asfixia, em referência à tentativa de cessar as fraudes e o desvio de recursos públicos em áreas da Petrobras destinadas a produção, distribuição e comercialização de gás combustível, segundo a Polícia Federal.

(Por Pedro Fonseca)

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