Por Maria Carolina Marcello e Mateus Maia
BRASÍLIA (Reuters) - O líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirmou nesta terça-feira que irá defender a íntegra do texto da reforma da Previdência, mas não descarta alterações no texto.
Segundo o deputado, o governo promove um esforço de articulação com parlamentares, estratégia que inclui a visita do secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, a bancadas, e ainda um encontro de lideranças com o presidente Jair Bolsonaro no fim desta terça-feira.
“A liderança do governo e o governo vão defender o texto em sua íntegra tendo em vista a intenção do governo de economizar em 10 anos algo maior do que 1 trilhão e reais... que seriam economizados se a proposta for aprovada da maneira como foi apresentada”, disse o líder do governo a jornalistas, após reunião na bancada do PSDB com Marinho.
“Então, é lógico que vamos defender a íntegra, mas não quer dizer que não haja abertura para o diálogo”, avaliou.
O líder também não descarta eventuais mudanças no texto. Ele promete ouvir as entidades interessadas e levar os argumentos à equipe econômica, para “fazer as contas”.
“Vamos ver até que ponto é possível conceder, se é viável, se vai trazer humanidade para o texto, se vai trazer benefício, conforme cada assunto chegar ao governo e ao Parlamento”, disse.
“A gente vai negociar de maneira a saber se realmente traz um benefício tão grande quanto a concessão feita e quanto isso vai desidratar na economia pretendida."
O líder explicou que a audiência no fim desta terça-feira entre Bolsonaro e lideranças será um encontro de “aproximação” e um “gesto de humildade”. Partidos da oposição, na sua maioria, negam ter sido convidados.
De acordo com Vitor Hugo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a primeira a avaliar a reforma da Previdência na Câmara, será instalada na “primeira oportunidade viável” logo após o Carnaval. Depois de tramitar pela CCJ, a PEC ainda precisa passar por uma comissão especial e só então segue ao plenário, onde precisará de ao menos 308 votos em dois turnos de votação.
Questionado sobre uma estimativa ou um “mapa” de votos da reforma, o deputado evitou responder e argumentou não fazer “sentido” iniciar um levantamento de votos, uma vez que a CCJ nem sequer foi instalada e que ainda não há uma “maturação” do texto ou um “substitutivo que vai poder levar em consideração todas as ansiedades”.
O líder aproveitou para reafirmar o compromisso do governo em enviar medida que trate da aposentadoria dos militares. Segundo ele, o caminho mais provável a ser escolhido pelo governo será a edição de um projeto de lei para tratar do tema.
O assunto tem sido apontado por boa parte dos parlamentares como um dos empecilhos à votação da reforma.