Caracas, 4 jan (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira uma reestruturação da dívida externa do país e garantiu que já pagou, por estas obrigações, US$ 74 bilhões em um período que não foi especificado.
"Há conversas de trabalho de novas fórmulas que pretendo ativar muito em breve, as novas fórmulas que representem um refinanciamento, uma reestruturação de todos os pagamentos externos da Venezuela", informou Maduro durante um evento no qual fez um balanço do ano de 2017.
Em seguida, o presidente assegurou que a Venezuela pagou US$ 74 bilhões, mais reiterou que "eles", sem especificar a quem se referia, "tentaram criar uma perturbação maior no processamento da dívida".
No início de novembro, Maduro anunciou que seriam reestruturadas todas as dívidas externas do país, e esclareceu que isto não significa que seu país deixará de cumprir com seus compromissos.
Segundo o presidente, esta também é uma "luta contra o bloqueio e a perseguição estrangeira" a seu país, uma vez que, segundo ele, há um suposto tratamento discriminatório em relação à Venezuela por parte de bancos e de outras instituições financeiras internacionais.
Além disso, o presidente venezuelano culpou as sanções ditadas pelos Estados Unidos - que proíbem negociações em dívida nova e capital emitida pelo governo venezuelano e pela estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) - das dificuldades de acesso ao crédito que o país sul-americano está vivendo.
Maduro indicou hoje que fará anúncios sobre o Petro, a "criptomoeda" venezuelana que foi anunciada em 3 de dezembro, no Conselho de Ministros convocado para amanhã e fez um pedido aos investidores em nível mundial.
"A todos aqueles que investem, atores econômicos de criptomoedas no mundo: estamos às suas ordens (...) e conseguimos importantes alianças para o lançamento do Petro no mês de janeiro", afirmou Maduro.
A PDVSA, a principal empresa do país, passa na atualidade por problemas econômicos e foi declarada em "default" (moratória) por diversos agentes financeiros internacionais, após quitar com atrasos os vencimentos de alguns dos seus bônus de dívida externa.
Mais de 90% dos dólares que entram na Venezuela são oriundos das vendas de petróleo da PDVSA, uma empresa que, segundo dados da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), registrou em outubro, pela primeira vez em quase três décadas, uma produção de petróleo inferior a 2 milhões de barris diários.
Venezuela vive há meses uma severa crise econômica que mantém o país afundado em hiperinflação desde outubro.