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Marun vê complô em prisões de amigos de Temer e diz que Planalto não considera hipótese de 3ª denúncia

Publicado 29.03.2018, 20:42
© Reuters. Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, durante entrevista coletiva em Brasília
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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, creditou a prisão de amigos próximos do presidente Michel Temer, em operação nesta quinta-feira, a uma tentativa de abalar o governo no momento em que Temer anuncia sua intenção de ser candidato, e afirmou que há um "complô" contra o governo, mas que não considera a hipótese de uma terceira denúncia.

"Nós entendemos que a decisão do presidente de colocar a possibilidade de que venha a disputar a reeleição faz com que novamente se dirijam contra nós os canhões da conspiração", disse Marun. "Na ausência de cadáver se tenta recuar no tempo e desenterrar algum cadáver já sepultado, em umas situação absolutamente desconforme com o que estabelece a Constituição."

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-assessor especial da Presidência José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, entre outras pessoas, aumentando a pressão sobre o presidente no âmbito do chamado inquérito dos portos.

Marun criticou a prisão temporária na véspera de um feriado e para ouvir depoimentos que, segundo ele, fazem parte do "enredo de um complô".

"Tenho absoluta desconfiança de prisões que acontecem na véspera de feriados", disse Marun. "E outra coisa: várias dessas prisões decretadas assim foram para que sejam prestados depoimentos. Isso também é uma burla à decisão do STF que proíbe condução coercitiva."

Apesar de alegar a existência de um "complô" e de "flechas envenenadas" contra o governo, Marun tenta excluir a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, das acusações --apesar de ser dela o pedido de prisões-- e culpa a Justiça pela ação contra o governo, mais especificamente o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso.

"É o DNA do MP o viés acusatório. Por isso existe Justiça, por isso Judiciário e MP não podem andar mancomunados. O MP é parte acusatória. Ela atuou e não vejo na doutora Raquel aquele mesmo viés... de alguém de dentro do gabinete recebendo dinheiro para orientar gravações", disse, referindo a acusações que o governo faz ao ex-procurador Marcelo Muller, um dos principais nomes do grupo do ex-procurador-geral Rodrigo Janot.

Marun chamou ainda de medidas "extralegais" a decretação das prisões, usadas para "constranger o governo" e prejudicar o "papel de comandante" que o presidente tem de ter neste momento.

Dentro do Palácio do Planalto causou perplexidade as prisões de Yunes e do coronel Lima, homens muito próximos a Temer, além do dono da Rodrimar, Celso Grecco, e do ex-ministro Wagner Rossi (SA:RSID3), também amigo de Temer mas não originalmente investigado no inquérito dos Portos.

Segundo uma fonte, a conclusão dos auxiliares mais próximos do presidente, que se reuniram durante a tarde --Marun chegou a interromper a viagem que fazia a Florianópolis e voltar a Brasília-- é que a investigação está indo além do decreto que supostamente teria beneficiado a empresa Rodrimar e buscando fatos mais antigos.

CANDIDATURA E DENÚNCIA

Marun nega, no entanto, que as investigações, mesmo chegando tão perto de Temer, possam comprometer uma eventual candidatura do presidente nas eleições de outubro.

© Reuters. Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, durante entrevista coletiva em Brasília

"Não inviabiliza uma candidatura. Se houver imparcialidade, respeito à lei, o presidente será inocentado ao final dessas investigações", disse. "Isso pode até ser transformado em um ponto favorável no caso do presidente vir a ser realmente o nosso candidato."

Marun disse ainda que o governo não trabalha com a hipótese de uma terceira denúncia contra Temer, apesar do avanço das investigações.

"Não trabalhamos com a hipótese de uma terceira denúncia porque ela seria absolutamente inconstitucional", afirmou. "Se existe respeito à Constituição Federal neste país, e entendemos que ainda deve existir, o presidente não será denunciado."

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