O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pedirá às agências de classificação de risco que aguardem a votação da reforma da Previdência antes de avaliar um possível rebaixamento do país. Em café da manhã com jornalistas nesta terça-feira (19), ele disse que o adiamento da votação para fevereiro representa uma oportunidade para esclarecer a opinião pública e os parlamentares da necessidade de mudar o sistema de aposentadorias e pensões.
“O risco de rebaixamento sempre existe. Vou conversar com as agências para explicar a situação do país. O adiamento da reforma [da Previdência], por um lado, é negativo. Por outro, dá mais tempo para esclarecer a opinião pública e os próprios parlamentares”, declarou o ministro. Ontem (18), o ministério tinha anunciado que Meirelles fará uma teleconferência com representantes das principais agências de rating – Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s – nesta quinta-feira (21).
Segundo Meirelles, a percepção da população sobre o tema está mudando, e os deputados e senadores enfrentarão menos resistência à reforma da Previdência ao retornar às bases eleitorais no recesso legislativo, em janeiro. “Outro fator importante é que, quando os parlamentares voltarem às bases, vão encontrar um ambiente mais favorável dos eleitores”, acrescentou.
Apesar de a conversa tratar de outros temas da economia brasileira, o ministro disse que a Previdência Social será o principal foco da teleconferência com as agências de classificação de risco. “Fazemos o nosso trabalho e explicamos. As agências fazem o trabalho delas e avaliam. Esperamos que o resultado seja positivo”, disse.
Mais igualdade
Segundo Meirelles, a atual proposta de reforma da Previdência traz mais justiça e equidade ao afetar as parcelas mais privilegiadas dos trabalhadores. “Acredito que a maior parte da sociedade concorda com uma aposentadoria mais igual para todos. Só a minoria que vai ser afetada não defende [a reforma da Previdência]”, ressaltou.
Sobre pressões para excluir da reforma a idade mínima para que servidores públicos que ingressaram no governo antes de 2003 tenham a paridade (reajuste igual aos servidores da ativa) e integralidade (aposentadoria igual ao último salário), o ministro reiterou que a equipe econômica não está aberta a renegociações do texto atual. Ele disse que esse é um dos principais pontos da proposta que reduzem privilégios para os trabalhadores mais ricos.
“Não conheço nenhum projeto do governo que mantém privilégios. O que existe são reivindicações de categorias e avaliações de líderes do governo que dizem que talvez seja necessário isso ou aquilo para aprovar a reforma”, declarou.
Meirelles reafirmou que está confiante na aprovação da reforma da Previdência, em fevereiro, e disse que a aprovação da reforma na Argentina, na manhã de hoje, representa um avanço e um exemplo a ser seguido pelo Brasil. Para ele, os violentos protestos no país vizinho fazem parte do jogo democrático.
De acordo com o ministro, a aprovação da reforma em 2018 ajudará o próximo presidente da República que assumir em 2019, independentemente de quem vencer as eleições do próximo ano, porque facilitará o crescimento econômico e a geração de empregos. “A Previdência será reformada cedo ou tarde. Melhor que seja agora. Se não for votada em 2018, trará problemas para quem for governar em 2019. A não aprovação tem um efeito na economia brasileira pelas próximas três décadas”, advertiu.