O ministro da Educação, Mendonça Filho, negou que tenha recebido doações ilegais da UTC Engenharia em sua campanha para a Câmara dos Deputados em 2014. A denúncia de repasse ilegal da empreiteira a Mendonça Filho foi feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro e tornado público ontem (17) após a retirada de sigilo. A UTC é citada na Operação Lava Jato.
Segundo Janot, foram encontrados indícios de possível recebimento de propina por parte do deputado federal José Mendonça Bezerra Filho, do DEM/PE, consistente em imagem arquivado em um dos celulares apreendidos em poder de Walmir Pinheiro”.
Em nota publicada em sua página no Facebook, o ministro nega qualquer irregularidade ligada à UTC e diz que a empreiteira não fez aportes diretos a sua candidatura.
“A campanha de 2014 do então deputado federal Mendonça Filho não recebeu doação da UTC. O deputado foi, à época, procurado por interlocutores da UTC oferecendo doação legal no valor de R$ 100 mil. Neste contato, Mendonça Filho disse que não queria essa doação, mas se a empresa quisesse doar para o partido o fizesse. A doação foi feita ao partido de forma legal e está registrada na prestação de contas do partido de 2014, junto a Justiça Eleitoral”, diz o texto.
Na nota, Mendonça Filho cita doações da Queiroz Galvão e da Odebrecht, também envolvidas na Lava Jato, e diz que todas foram feitas legalmente e registradas na Justiça Eleitoral.
Contas
Na petição enviada ao STF, Janot diz que uma imagem encontrada em um celular apreendido é compatível com uma folha impressa onde aparecia o nome do partido e dados de conta bancária para doações de campanha no ano de 2014 “havendo manuscrito de R$ 100.000,00 (cem mil reais) e do nome do deputado Mendonça Filho, além de registro impresso do tesoureiro do partido, Romero Azevedo”, diz o documento.
“Curioso observar que na prestação de contas oficial da campanha do deputado Mendonça Filho, há o registro de doação de exatos R$ 100 mil pelas empresas Construtora Norberto Odebrecht e Construtora Queiroz Galvão S.A., cada”, diz Janot.
O procurador-geral diz ainda que a UTC Engenharia teria efetuado duas doações de R$ 100 mil ao Diretório Nacional do DEM e pede que o STF analise a possibilidade de investigação dos fatos.
“Por estarmos diante de elementos indiciários de possível pagamento de propina para a campanha do citado parlamentar federal, certa é a competência do STF para a análise e processamento de eventual investigação criminal a respeito”.
A assessoria de comunicação da UTC Engenharia disse que "não comenta investigações em andamento”. Também por meio da assessoria de comunicação, a Queiroz Galvão também informou que não comenta investigações em andamento e ressaltou que “as doações eleitorais obedecem à legislação". Já a assessoria da Odebrecht disse que a empresa não vai se manifestar sobre o assunto.