Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - O governo da Noruega informou nesta sexta-feira ao presidente Michel Temer, em visita ao país, que vai reduzir pela metade os recursos destinados a proteger a floresta amazônica em 2017 para aproximadamente 50 milhões de dólares devido ao aumento na taxa de desmatamento no Brasil.
Rica graças à exploração de petróleo e gás, a Noruega investiu mais de 1,1 bilhão de dólares no Fundo Amazônia desde 2008 para ajudar o Brasil a proteger a floresta, que é fortemente ameaçada pelo desmatamento.
"Eu expressei preocupação que o desmatamento aumentou de certa forma (nos anos recentes)", disse a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, a repórteres após encontro com Temer, que está em Oslo para promover o investimento no Brasil após uma viagem a Moscou.
Temer disse que o Brasil está trabalhando para proteger a Amazônia, citando como exemplo os vetos a medidas provisórias que reduziam áreas de preservação e a ampliação de parques nacionais.
"O Brasil é uma das grandes, senão a maior reserva ambiental do mundo", disse Temer, que ressaltou a importância do apoio financeiro da Noruega.
"Quero ressaltar mais uma vez, como o fiz há poucos instantes, a importância das contribuições da Noruega para o Fundo da Amazônia. Ela é que tem permitido um policiamento, digamos assim, mais efetivo, policiamento administrativo, no sentido de evitar o desmatamento no nosso país".
O Ministro de Meio Ambiente da Noruega, Vidar Helgesen, disse que os pagamentos serão "reduzidos à metade em termos gerais, talvez até mais". Ele acrescentou que a Noruega pagou 100 milhões de dólares ao fundo em 2016.
A Noruega é a maior doadora estrangeira para a proteção de florestas tropicais do Brasil à Indonésia, em parte porque elas são grandes reservas naturais de gases do efeito estufa e ajudam a diminuir as mudanças climáticas. Os pagamentos dependem da performance.
O desmatamento no Brasil saltou para 8 mil quilômetros quadrados em 2016 ante 6.200 em 2015. As perdas são significativamente menores do que os 19 mil quilômetros quadrados registrados em 2005, segundo dados de satélites brasileiros, mas representam um aumento em relação aos número de 2011 a 2015, quando houve uma bem-sucedida redução nas perdas florestais na Amazônia.
Apesar da redução de investimentos, Solberg reafirmou um acordo de 2015 para estender a cooperação florestal até 2020. "Eu não vejo nenhuma razão para renegociar esse acordo", disse.
Do lado de fora do gabinete de Solberg, cerca de 40 pessoas protestaram contra Temer com cartazes com dizeres como "Pare com a destruição das florestas tropicais".