Por Leigh Thomas
PARIS (Reuters) - A economia global registrará o crescimento mais forte em sete anos em 2018 graças à recuperação do comércio e do investimento, disse a OCDE nesta terça-feira, alertando ao mesmo tempo que uma guerra comercial pode ameaçar esse cenário melhor.
Ao atualizar seu cenário para as economias do G20, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico elevou a projeção para o crescimento global tanto para 2018 quanto 2019 para 3,9 por cento --nível mais alto desde 2011-- ante estimativas anteriores de 3,6 por cento para ambos os anos.
A melhora das projeções deve-se em parte às expectativas de que os cortes tributários nos Estados Unidos vão impulsionar a maior economia do mundo, disse a OCDE.
"Achamos que a economia mais forte está aqui para ficar nos próximos dois anos", disse à Reuters o economista-chefe interino da OCDE, Álvaro Pereira. "Estamos voltando a circunstâncias mais normais do que vimos nos últimos 10 anos."
A recuperação do investimento empresarial global vai manter o crescimento do comércio em cerca de 5 por cento este ano, projetou a OCDE.
Entretanto, a organização afirmou que a economia global está vulnerável a uma escalada de tensões comerciais após a administração do presidente dos EUA, Donald Trump, ter adotado tarifas de importação sobre o aço e o alumínio.
"Isso pode obviamente ameaçar a recuperação. Com certeza acreditamos que esse é um risco significativo, portanto esperamos que isso não se materialize porque seria bastante prejudicial", disse Pereira.
A OCDE projeta que a economia dos EUA crescerá 2,9 por cento este ano e 2,8 por cento em 2019, com os cortes tributários acrescentando 0,5 a 0,75 ponto percentual ao cenário em ambos os anos.
Diante desse cenário, o Federal Reserve provavelmente terá que elevar a taxa de juros quatro vezes este ano com a aceleração da inflação, completou Pereira. Antes a OCDE previa três altas dos juros pelo banco central dos EUA.
Entre outras economias, o crescimento mais forte na França e na Alemanha melhorou o cenário para a zona do euro, cuja expectativa de crescimento passou a 2,3 por cento este ano e 2,1 por cento em 2019. Anteriormente a OCDE via expansão de 2,1 por cento e 1,9 por cento respectivamente.
Para o Brasil, as expectativas também melhoraram, com projeção agora de uma expansão de 2,2 por cento este ano, contra 1,9 por cento antes. Para 2019 a melhora foi de 0,1 ponto percentual, a 2,4 por cento.