Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco disse nesta quarta-feira que o religioso francês assassinado a facadas por militantes islâmicos em seu altar em julho foi um mártir, e indicou que o padre Jacques Hamel já está a caminho da canonização.
Francisco se pronunciou em uma missa especial para peregrinos de Rouen, área da França onde os dois agressores invadiram a igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, forçaram o padre de 85 anos a se ajoelhar e cortaram sua garganta enquanto diziam frases em árabe.
Em seu sermão em italiano, Francisco também pediu que todas as religiões declarem que "matar em nome de Deus é satânico".
O pontífice usou as palavras mártir ou martírio 10 vezes durante sua homilia na capela da casa de hóspedes do Vaticano onde mora.
"Ele (Hamel) aceitou seu martírio ali no altar", disse o papa. "Ele deu sua vida por nós para não negar Jesus... ele é um mártir, e mártires são beatificados".
A beatificação é uma das primeiras etapas do processo complexo que leva à canonização na Igreja Católica.
Normalmente é preciso um milagre para que um candidato a santo seja beatificado, mas essa exigência pode ser descartada se houver indícios de que a pessoa morreu como mártir.
"Um homem bom, humilde, um homem de irmandade que sempre procurou levar paz, foi assassinado como se fosse um criminoso", afirmou Francisco, que ordenou que uma foto do padre morto fosse colocada no altar durante a missa.
A Igreja Católica canoniza postumamente pessoas consideradas tão santas durante a vida que se acredita que estejam com Deus e que sejam capazes de interceder junto a ele para realizar milagres.
Em outra indicação de que Francisco crê que Hamel já está encaminhado para a canonização, o arcebispo de Rouen, Dominique Leburn, disse a repórteres mais tarde que o papa lhe disse que Hamel deveria ser "venerado", uma honra que normalmente é concedida somente depois que o processo de canonização começa.