Arena do Pavini - O fim de semana foi agitado no cenário internacional. Na China, o plenário do Congresso Nacional do Povo aprovou, no domingo emenda à Constituição que acaba com o limite de dois mandatos presidenciais, o que permite ao presidente atual, Xi Jinping, ficar no poder indefinidamente. No Chile, o candidato de centro-direita, Sebastián Piñera, assumiu neste domingo, pela segunda vez, a Presidência. Na Colômbia, as eleições parlamentares marcam a primeira votação com a participação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), encerrando um conflito de mais de 50 anos. E, em Cuba, as eleições da Assembleia Nacional marcam o primeiro passo para a sucessão da família Castro, no poder desde a revolução socialista de 1959. As informações são de jornais e agências internacionais.
Na China, as mudanças na Constituição consagram o poder de Xi Jinping não só como político, abrindo espaço para um governo vitalício, mas também como líder ideológico do país. Entre as 21 emendas aprovadas, por 2.958 votos a favor, dois contra e três abstenções, estão textos relacionados às teorias políticas de Xi sobre o desenvolvimento do “socialismo com características chinesas em uma nova era”. Em discurso após a votação, o presidente do Congresso Nacional do Povo da China, Zhang Dejiang, destacou a importância da defesa “centralizada e unificada” com Xi Jinping no núcleo do poder.
No Chile, Piñera assumiu com promessas de fortalecer a economia do país e não rever as reformas aprovadas pela antecessora, a socialista Michelle Bachelet. Piñera, de 68 anos, presidiu o Chile de 2010 a 2014. Foi o primeiro conservador depois de 20 anos de governos de centro-esquerda.
Além do discurso de conciliação com a esquerda, que permitiu a vitória nas urnas, Piñera terá ainda de manter o acordo político com a oposição, que conseguiu com isso eleger os presidentes da Câmara e do Senado, de partidos socialistas. A neta do ex-presidente Salvador Allende, deposto no golpe militar que colocou no poder o general Augusto Pinochet nos anos 1970, Maya Fernández, presidirá a Câmara. É a primeira vez que as duas casas são comandadas pelos socialistas desde 1990, destaca a imprensa local. A expectativa é como será a convivência de Piñera com a oposição em meio às medidas para melhorar a economia chilena. “A melhor universidade para ser presidente não é Harvard, nem Chicago, é o Palácio de la Moneda [sede do governo do Chile]”, afirmou nesta semana em entrevista à televisão.
Na Colômbia, 36 milhões de eleitores foram às urnas pela primeira vez após o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que mudou de nome e transformou-se no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum. A eleição é realizada dois anos após o acordo de paz entre a guerrilha e o governo, firmado em novembro de 2016, em Cuba, para que as Farc se desarmassem, passando a atuar como uma força política. O acordo pôs fim a um conflito que durou 53 anos e que deixou cerca de 220 mil mortos e 60 mil desaparecidos.
No total, estão em disputa 108 cadeiras do Senado e 172 na Câmara. Destas, 5 cadeiras de cada casa legislativa são destinadas a candidatos das Farc, conforme estabelecido no acordo de paz. Além da disputa no legislativo, os colombianos devem participar de duas consultas para escolher os candidatos dos grupos políticos de direita e de esquerda para a eleição presidencial em 27 de maio.
Também em Cuba, houve eleições para a Assembleia Nacional. O voto é voluntário e os candidatos foram escolhidos em um processo que teve início em setembro do ano passado, quando os cubanos se reuniram em assembleias locais para definir seus representantes locais e municipais.Esses representantes escolhem os candidatos a uma vaga nas assembleias provinciais e à Assembleia Nacional. Podem concorrer membros ou não do Partido Comunista Cubano (PCC).
A votação deste ano é mais importante porque, em 19 de abril, a Assembleia deverá escolher o novo presidente do país. Raúl Castro, atual presidente, que sucedeu o irmão, Fidel Castro, que governou Cuba desde a revolução até ficar incapacitado para o cargo, em 2008, deve ser substituído pelo atual vice-presidente Miguel Díaz-Canel. O sistema político cubano, porém, é cheio de surpresas, e fortemente dominado pela família Castro, o que pode levar a mudanças. A saída de Raúl Castro é vista como uma oportunidade de abertura política e econômica para o país, um dos últimos redutos comunistas do planeta, ao lado da China, que já promoveu uma grande mudança na economia.
Por Arena do Pavini