Por Howard Schneider e Jonathan Spicer
WASHINGTON (Reuters) - Jerome Powell não estava inicialmente no radar do presidente Donald Trump como possível sucessor para a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, e em vez disso tentava uma posição como vice-chair para supervisão do banco central dos Estados Unidos.
A rejeição para a posição no ano passado foi somente um dos diversos eventos que deixaram o banqueiro de investimentos e diretor do Fed de 64 anos próximo de assumir como chefe do banco central mais poderoso do mundo.
É esperado que Trump anuncie Powell na tarde desta quinta-feira como substituto de Yellen, cujo mandato expira em fevereiro.
Outros candidatos caíram por diferentes razões. A medida em que a relação de Trump com o principal assessor econômico da Casa Branca, Gary Cohn, azedou, o presidente americano desistiu de renomear Yellen, apesar de ampla aprovação de suas políticas, e passou a ver outras duas opções como riscos à economia.
No final, foi Powell, nativo de Maryland, ciclista ávido e guitarrista nas horas vagas, que cumpriu todos os requisitos que importavam e não apresentou pontos negativos.
Caso nomeado por Trump e então confirmado pelo Senado dos EUA, Powell irá se tornar a primeira pessoa sem um diploma de economia avançada a receber o cargo desde William Miller, no final da década de 1970.
Um advogado que lista bens pessoais entre 20 e 60 milhões de dólares, Powell trabalhou em bancos de investimentos e serviu em conselhos corporativos como sócio-gerente no Carlyle Group, uma empresa de private equity. Nos últimos cinco anos, também mergulhou profundamente nos fundamentos do banco central e se educou sobre questões mais amplas de políticas monetárias.
"Jay não vem com bagagem. Ele nunca esteve nos extremos”, disse Steve Bell, que trabalhou com Powell no think tank Centro de Política Bipartidária e quando Powell esteve no Departamento do Tesouro, durante o governo do ex-presidente George H.W. Bush.
Quando comparado com outros possíveis candidatos, que pediram às vezes amplas, porém mal definidas, mudanças no Fed, Powell assume "uma linha tática direta" que oferece uma continuação às políticas de Yellen, uma abordagem moderada para regulamentação do banco e, talvez mais importante, a perspectiva de nenhuma surpresa, disse Bell.
A experiência de Powell no setor privado provavelmente também atraiu a atenção de Trump, que tem preferência por figuras empresariais, em vez de PhDs.
Ele não é um cara que tem uma regra que leva seu nome. Ele não é um cara que disse no passado que nós teremos uma reação ruim para flexibilização quantitativa e que isto é um desastre", disse Bell em uma referência ao economista da Universidade de Stanford John Taylor e ao ex-diretor do Fed Kevin Warsh.
Taylor, que desenvolveu a "Regra Taylor" para orientação de política monetária, e Warsh, que se demitiu por conta do grande programa de estímulo de compra de títulos do Fed, que muitos atualmente creditam como causador de impulso para a economia dos EUA após a recessão de 2007 a 2009, foram entrevistados para o cargo no Fed.
Indiscutivelmente ambos tinham vantagem na disputa pelo cargo, o apoio dos Conservadores e um apoio firme do Conselho Editorial do Wall Street Journal. No entanto, também carregavam o risco de volatilidade para o mercado financeiro, com investidores considerando cada um como alguém que poderia apertar a política monetária do FED, o que Trump já indicou que pretende evitar.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)