Investidores CHOCADOS: ação selecionada por IA despenca 36%!
Investing.com – Os índices futuros das bolsas em Nova York registravam desempenho misto nesta quarta-feira, com investidores atentos à divulgação de novos dados de inflação. Economistas projetam que o índice anualizado de preços ao produtor para demanda final em agosto repita o ritmo de julho, reforçando as pressões inflacionárias antes da decisão de política monetária do Federal Reserve na próxima semana.
A Oracle (NYSE:ORCL) apresentou uma projeção robusta de receita contratada, levando suas ações a subir no pré-mercado, enquanto a Novo Nordisk , fabricante do Wegovy, comunicou cortes relevantes em seu quadro de funcionários.
No Brasil, o mercado espera deflação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, enquanto aguarda o desenrolar do julgamento do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, pela acusação de golpe de Estado.
1. Futuros mistos em Wall Street
Os contratos futuros de ações norte-americanas oscilaram em torno da estabilidade, com agentes avaliando os resultados da Oracle e aguardando os primeiros dados de inflação da semana.
Às 07h38 (horário de Brasília), o futuro do S&P 500 avançava 21 pontos (+0,3%), o Nasdaq 100 subia 70 pontos (+0,3%) e o Dow Jones mostrava variação marginal.
Na véspera, os principais índices de Wall Street fecharam em alta, apoiados na expectativa de que o Fed reduza os juros em sua reunião de 16 e 17 de setembro.
Uma revisão expressiva para baixo nos números de emprego para os 12 meses até março sugeriu que o mercado de trabalho pode ter enfraquecido antes mesmo do anúncio de tarifas amplas sobre importações feito pelo presidente Donald Trump em abril. As apostas de que o Fed cortará pelo menos 25 pontos-base na próxima reunião permaneceram praticamente estáveis após os dados, enquanto os rendimentos dos Treasuries, que variam de forma inversa aos preços, subiram.
“A revisão do [Bureau of Labor Statistics] fortaleceu o argumento para o afrouxamento do Fed, mas Powell já dispõe de amplos fundamentos trabalhistas para justificar o corte, e o número ficou dentro do intervalo esperado”, avaliaram analistas da Vital Knowledge em nota.
2. Inflação em foco nos EUA e no Brasil
O mercado volta agora sua atenção ao índice de preços ao produtor (IPP) de agosto, que oferecerá o primeiro sinal sobre o comportamento da inflação no último mês do terceiro trimestre. Na quinta-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor.
A expectativa é que o IPP anualizado do BLS registre 3,3%, em linha com a leitura de julho.
A persistência dos preços mantém o desafio do Fed em conciliar seus dois objetivos: preservar a estabilidade de preços e sustentar o emprego máximo.
Mesmo assim, analistas do ING apontaram que os números de inflação não devem impedir um corte de juros. Para eles, a autoridade monetária já sinalizou que uma redução pode ser necessária para apoiar o mercado de trabalho, ainda que isso eleve os riscos de inflação.
Enquanto isso, preocupações sobre uma possível interferência de Trump na independência do Fed foram amenizadas após decisão de um juiz federal que reforçou que o presidente não pode demitir a governadora Lisa Cook.
Por aqui, instituições financeiras e consultorias pesquisadas pelo Poder360 projetam deflação de 0,15% no IPCA de agosto de 2025, após alta de 0,26% em julho, em linha com o recuo de 0,14% do IPCA-15.
A queda seria semelhante à registrada em agosto de 2024 e deve ser puxada principalmente por combustíveis, energia elétrica e alimentos no domicílio, com reduções expressivas em itens como carnes, hortaliças, leguminosas e tubérculos.
Ainda assim, a taxa anualizada deve cair de 5,23% para 5,10%, permanecendo acima do teto da meta de 4,5% ao ano.
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3. Ações da Oracle sobem com aumento de pedidos firmes
As ações da Oracle dispararam no after-market após a companhia apresentar uma estimativa robusta de receita contratada em sua divisão de nuvem com inteligência artificial.
O movimento também se refletiu em Frankfurt, onde os papéis subiram mais de 30%.
A empresa afirmou que espera que a receita contratada em sua Oracle Cloud Infrastructure ultrapasse meio trilhão de dólares, sinal de demanda firme por suas soluções de IA com custo competitivo.
Na teleconferência, a CEO Safra Catz destacou que a Oracle tem disponibilizado modelos de raciocínio de IA, como o ChatGPT da OpenAI e o Grok da xAI, para sua base de clientes.
As obrigações de desempenho remanescentes (RPO), principal métrica de receita contratada da empresa, cresceram 359% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 455 bilhões no trimestre encerrado em 31 de agosto. Catz acrescentou que novos contratos bilionários devem ser assinados em breve.
“O RPO foi o grande destaque, reforçando a confiança na trajetória de crescimento da Oracle”, comentaram analistas da Jefferies.
Apesar disso, os resultados do primeiro trimestre fiscal mostraram desempenho misto: o lucro ajustado por ação ficou em US$ 1,47 e a receita totalizou US$ 14,93 bilhões, levemente abaixo das estimativas da FactSet de US$ 1,48 e US$ 15,04 bilhões, respectivamente.
Ainda no cenário corporativo, a Novo Nordisk (CSE:NOVOb) anunciou planos de corte de 9.000 postos em todo o mundo, incluindo 5.000 na Dinamarca, equivalente a 11,5% de seu quadro global de 78.400 funcionários.
As ações listadas em Copenhague registraram alta nas negociações iniciais após o anúncio.
A farmacêutica prevê que a reestruturação gere economias anuais de 8 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,27 bilhão) até 2026, embora projete encargos extraordinários de 9 bilhões de coroas no terceiro trimestre. Aproximadamente 1 bilhão em economias já deve ser registrado no quarto trimestre.
Os recursos serão direcionados para ampliar investimentos nas áreas de diabetes e obesidade, segundo comunicado da empresa.
O CEO Mike Doustdar, que assumiu o cargo no mês passado, afirmou que a reorganização permitirá simplificar estruturas e concentrar esforços nos segmentos de maior relevância estratégica.
4. Petróleo em alta
Os preços do petróleo avançaram diante da escalada geopolítica no Oriente Médio e da possibilidade de novas restrições ao petróleo russo, o que pode afetar a oferta global.
No momento da redação, o Brent futuro subia 0,7%, a US$ 66,86 por barril, enquanto o WTI avançava 0,8%, a US$ 63,10.
Na sessão anterior, os preços já haviam subido após Israel afirmar que atacou lideranças do Hamas em Doha, episódio que, segundo o premiê do Catar, pode comprometer negociações de paz com Israel e ampliar as tensões na região produtora de petróleo.
Além disso, a Reuters informou que Trump pediu à União Europeia tarifas elevadas sobre Índia e China por comprarem energia russa. O presidente já aplicou tarifas de 50% contra a Índia e defendeu aumentá-las para 100% tanto sobre Nova Délhi quanto Pequim.
Embora a medida vise pressionar Moscou a encerrar a guerra na Ucrânia, há risco de restrição adicional à oferta global caso os maiores compradores cedam às pressões ocidentais. Até o momento, Índia e China indicaram pouca disposição para rever suas aquisições de petróleo russo.
Paralelamente, a Polônia afirmou ter abatido drones russos que sobrevoavam seu território durante ataques à Ucrânia ocidental, classificando o episódio como “ato de agressão”.
5. Julgamento de Bolsonaro continua
O Supremo Tribunal Federal (STF) irá retomar nesta quarta-feira o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes, com a expectativa pelo voto do ministro Luiz Fux, que pode divergir do relator, Alexandre de Moraes, e de Flávio Dino, que apontaram Bolsonaro como líder de uma organização criminosa.
Moraes defendeu penas severas, vinculando o ex-presidente a reuniões golpistas e ao plano de ataque às sedes dos Três Poderes, enquanto Dino pediu diferenciação das punições conforme o grau de participação, mas reforçou que não cabe anistia a quem atenta contra a democracia. Ambos rejeitaram preliminares das defesas e validaram a delação de Mauro Cid.
O julgamento, que deve ser concluído até a próxima sexta-feira e pode levar a penas de até 43 anos de prisão, contará ainda com os votos de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Bolsonaro e os demais réus respondem por cinco crimes, entre eles organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.