{{0|Por TiTim Kelly e Sakura Murakami
TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse nesta quarta-feira que renunciará ao cargo no próximo mês, sucumbindo ao descontentamento público em relação a escândalos políticos e ao aumento do custo de vida que mancharam seu mandato de três anos, e dando início a uma disputa para substituí-lo.
"A política não pode funcionar sem a confiança do povo", afirmou ele em uma entrevista coletiva para revelar sua decisão de não tentar a reeleição como líder do Partido Liberal Democrata (LDP), que está no poder.
"Tomei essa difícil decisão pensando no povo, com a forte vontade de levar adiante a reforma política."
O LDP realizará uma disputa em setembro para substituí-lo como presidente do partido e, por extensão, como primeiro-ministro.
Os índices de Kishida caíram depois que ele assumiu o cargo em 2021, após revelações sobre os laços do LDP com a polêmica Igreja da Unificação.
Sua popularidade sofreu outro revés quando veio à tona um fundo secreto de doações políticas não registradas feitas em eventos de arrecadação de fundos do LDP.
Ele também enfrentou o descontentamento da população à medida que os salários não conseguiram acompanhar o aumento do custo de vida, com o Japão finalmente se livrando de anos de pressão deflacionária.
"Um primeiro-ministro em exercício do LDP não pode se candidatar à corrida presidencial a menos que tenha certeza da vitória", disse Koichi Nakano, professor de ciências políticas da Universidade de Sophia.
"É como os grandes campeões yokozunas do sumô. Não basta vencer, mas é preciso vencer com elegância."
Seu sucessor como líder do LDP terá a tarefa de restaurar a confiança do povo no partido e enfrentar o aumento do custo de vida, a escalada das tensões geopolíticas com a China e o possível retorno de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos no próximo ano.