Por Giuseppe Fonte e Stefano Bernabei
ROMA (Reuters) - O presidente do banco central da Itália, Ignazio Visco, disse nesta quarta-feira que as famílias e as empresas vão sofrer se os custos dos empréstimos permanecerem altos e pediu ao governo que garanta estabilidade fiscal.
O governo de coalizão da Itália está em disputa com a Comissão Europeia sobre um plano de orçamento expansionista para 2019 que eleva o déficit fiscal planejado para 2,4 por cento do produto interno bruto, de 1,8 por cento este ano. Bruxelas diz que isso quebra as regras da UE.
Em um discurso em Roma, Visco disse que a alta nos rendimentos dos títulos do governo nos últimos meses vai custar ao Estado mais de 5 bilhões de euros no próximo ano se eles não retrocederem, com um efeito sobre a enorme dívida pública da Itália.
"A dívida pública da Itália é sustentável, mas deve haver uma determinação clara para mantê-la assim", disse Visco.
"As incertezas sobre a participação da Itália na União Europeia e na moeda única devem ser dissipadas", acrescentou.
Tanto a Liga quanto o 5-Estrelas costumavam fazer uma campanha anti-euro e, embora o governo enfatize repetidamente que não tem intenção de sair da zona do euro, os mercados continuam preocupados com a extensão de seu compromisso com a moeda única.
Visco disse que cerca de metade do aumento nos rendimentos dos títulos do governo desde que o governo de coalizão foi formado pode ser atribuída a temores persistentes de um "Italexit".
A Comissão rejeitou na semana passada o orçamento da Itália, dizendo que o plano desrespeitou um compromisso anterior de reduzir o déficit e elevaria a dívida do país, que já é a segunda mais alta da zona do euro como proporção do PIB.