Junte-se a +750 mil investidores que copiaram as ações das carteiras dos bilionáriosAssine grátis

Quadro fiscal ainda será grave, mesmo com reforma da Previdência, dizem ex-BCs

Publicado 25.08.2017, 12:20
© Reuters. Quadro fiscal ainda será grave, mesmo com reforma da Previdência, dizem ex-BCs
BBTG99
-

Por Aluísio Alves

CAMPOS DO JORDÃO, 25 Ago (Reuters) – Ainda que seja aprovado neste ano, o projeto de reforma da Previdência terá que ser sucedido por outras medidas bastante agudas para reverter a trajetória de crescimento da dívida pública, disseram ex-autoridades do Banco Central nesta sexta-feira.

Para Gustavo Franco, ex-presidente do BC, e Eduardo Loyo e Afonso Bevilaqua, ex-diretores, a elevação dos déficits primários esperados para os próximos anos evidenciou que a economia brasileira tem dificuldades maiores do que as imaginadas até pouco tempo atrás e que a obediência ao teto de gastos vai exigir agenda de cortes de gastos mais prolongada.

Para Franco, agora estrategista-chefe da Rio Bravo Investimentos, a flexibilização da estabilidade do funcionalismo público, especialmente nos Estados, e a saída do governo de alguns projetos vistos como estratégicos, como o submarino nuclear, devem ser considerados.

"A reforma da Previdência não é bala de prata", disse ele durante o 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais. "Vai ter que criar algumas válvulas de escape para redução da rigidez orçamentária, principalmente nos Estados".

Segundo Loyo, a recente piora nas projeções de déficits primários para este ano e o próximo mostrou que o quadro é pior do que se imaginava há alguns meses e que isso vai exigir uma reação à altura do governo.

"A sensação é de que a dificuldade fiscal recrudesceu", disse Loyo, ex-diretor de Estudos Especiais do BC e hoje economista-chefe do BTG Pactual (SA:BBTG99).

Nas contas de Bevilaqua, ex-diretor de Política Econômica da autoridade monetária, esse esforço fiscal mais intenso poderá ter que ser estendido aos próximos dois governos, dado que mesmo num cenário positivo o orçamento terá que ser ajustado ao teto de gastos nos próximos 10 anos, mesmo com a reforma da Previdência.

"É uma tarefa extremamente desafiadora", disse Bevilaqua, para quem o cenário naturalmente piora se a reforma previdenciária não vier em 2017. Um atraso de dois anos nesse plano faria o Brasil desperdiçar uma economia equivalente a 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos 10 anos.

Para Franco, a dificuldade maior de se aprovar a reforma previdenciária no atual cenário está deixando claro que o governo do presidente Michel Temer errou ao primeiro se concentrar na definição de um teto de gastos, depois a reforma trabalhista, mais fáceis de aprovar.

"Deveria ter ido para a Previdência primeiro. A energia de que um governo tem para fazer reformas é finita e ela está faltando agora", disse Franco.

As declarações dos economistas vão na contramão do movimento recente do mercado financeiro, com o principal índice da bolsa brasileira atingindo o pico em mais de seis anos, na esteira de anúncios de privatizações e expectativa de aprovação de novas reformas.

Para Loyo e Franco, dado o quadro de acirrada confrontação política que deve se prolongar até as eleições presidenciais do ano que vem, pode ser cedo para acreditar que o compromisso com o ciclo de reformas vai continuar.

"Não há nenhuma garantia de que haverá bom senso em 2019", disse Franco.

Já Loyo avaliou que a percepção de urgência do que precisa ser feito parece consenso no sistema financeiro, mas isso pode não se refletir no campo político. "Não dá pra acreditar na clarividência de que as autoridades vão resolver as coisas de forma sistemática e organizada antes que o caldo entorne".

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.