BRASÍLIA (Reuters) - O relator de receitas do projeto de lei orçamentária anual (PLOA) de 2018, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), pretende elevar o Produto Interno Bruto (PIB) projetado para o próximo ano a 3 por cento, ante 2 por cento na peça enviada pelo governo, prevendo com isso uma injeção de 8 bilhões a 10 bilhões de reais a mais nos cofres públicos.
"No PLOA o governo mandou crescimento do PIB de 2 por cento, eu quero colocar 3 por cento", disse ele em entrevista à Reuters. "Isso iria dar um sinal muito positivo para os empresários, para o mercado como um todo. Essa projeção é otimista, mas acima de tudo realista", completou.
O senador se reunirá à noite com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, para tratar do assunto, além de outros pontos referentes ao projeto.
Quando enviou o PLOA modificado ao Congresso Nacional no fim de outubro, o governo manteve inalterada sua previsão para o crescimento da economia, buscando ganhar algum espaço para navegar em outro ano de forte rombo fiscal, com meta de déficit primário fixada em 159 bilhões de reais.
À época, o próprio ministro do Planejamento reconheceu que o percentual poderia ser revisto mais tarde. Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo Banco Central com uma centena de economistas, a expectativa é de um PIB de 2,5 por cento em 2018.
Oliveira citou uma série de fatores para justificar sua conta mais alta, incluindo a criação esperada de 2 milhões de empregos no país, uma taxa de juros baixa fomentando o consumo, inflação controlada e a expectativa de investimentos estrangeiros em infraestrutura.
Inicialmente prevista para esta terça-feira, a entrega do relatório de receitas do PLOA deverá ser feita até o fim desta semana diante de indefinições que ainda serão acertadas.
"Seria hoje, mas não há pecado nenhum em colocar na quinta-feira, na sexta-feira. É o nosso propósito", afirmou o relator.
Entre os temas que seguem em análise está a maneira de classificação dos recursos advindos de contribuições que são destinados ao Sistema S, formado por entidades privadas como Sesi, Senac, Sesc e Sebrae. Segundo o senador, são cerca de 21 bilhões de reais.
"Por causa do controle do teto de gastos está sendo criado um impasse sobre se esse dinheiro que entrar do Sistema S, quando sair, vai impactar o Orçamento da União como despesa", disse. "Para mim não. Mas parece que para os ministros e para os técnicos do Planejamento isso impactaria sim."
Oliveira é autor de um projeto de lei que destina 30 por cento dos recursos do Sistema S para o custeio da seguridade social. O projeto ainda não foi analisado pelo plenário do Senado.
(Por Marcela Ayres)