Taxas dos DIs caem puxadas por Treasuries antes de tarifas dos EUA

Publicado 01.04.2025, 16:54
Atualizado 01.04.2025, 16:56
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em baixa, acompanhando o recuo firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio à expectativa antes do anúncio de novas tarifas de importação pelo governo dos Estados Unidos previsto para quarta-feira.

O recuo das taxas futuras esteve em sintonia com a queda do dólar, para abaixo dos R$5,70, e com o avanço firme do Ibovespa, em um dia de modo geral positivo para os ativos brasileiros.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,985%, ante o ajuste de 15,021% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,855%, ante o ajuste de 14,935%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,74%, ante 14,848% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,75%, ante 14,866%.

A sessão foi marcada pelo forte recuo dos yields dos Treasuries, com investidores buscando a segurança dos títulos norte-americanos antes da quarta-feira -- dia em que o presidente dos EUA, Donald Trump, promete anunciar tarifas recíprocas para todos os países, e não apenas para um grupo menor de 10 a 15 países, como chegou a ser especulado. Trump vem chamando a quarta de "Liberation Day" (Dia da Libertação).

Os receios de que os EUA possam entrar em recessão também permeava os negócios, após a divulgação de números ruins sobre a economia. O Instituto de Gestão de Fornecimento informou que seu PMI de manufatura caiu de 50,3 para 49,0 no mês passado, indicando contração. Economistas consultados pela Reuters previam queda para 49,5.

Já as vagas de emprego em aberto -- uma medida da demanda por mão de obra -- caíram em 194.000 para 7,568 milhões no último dia de fevereiro, conforme o relatório Jolts do Departamento do Trabalho dos EUA.

“Começa a aparecer aqui, já, provavelmente, toda a demissão em massa feita pelo DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), de Elon Musk”, pontuou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

“Evidente que tem um efeito contracionista... tanto de mercado de trabalho, que afrouxa o mercado de trabalho, quanto de redução de gasto público. O medo é se isso vira uma recessão”, acrescentou.

No Brasil, a baixa das taxas era atribuída ainda a certa percepção de que o Banco Central, embora indique novo aumento da Selic em maio, esteja com um discurso mais brando.

“Há uma percepção aqui -- reforçada por falas locais de autoridades -- mais dovish (branda com a inflação), em termos de abordagem. Por mais que a sombra de inflação paire sobre o mercado, há uma abordagem flexível do BC, que ajuda a tirar um pouco de prêmio na curva”, avaliou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, lembrando falas públicas recentes de diretores da autarquia.

Na segunda-feira o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, reforçou a ideia de que a Selic ainda subirá -- mas em intensidade menor --, enquanto o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, afirmou que a moderação no crescimento econômico do Brasil faz parte do cenário base da instituição.

Neste contexto, a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu a mínima de 14,73% às 16h08, em baixa de 14 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Na segunda-feira -- atualização mais recente -- o mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3) precificava 64,50% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 63,50% na véspera) e 21,00% de chances de elevação de 75 pontos-base (23,00% na véspera), contra apenas 7,00% de probabilidade de alta de 25 pontos-base (5,50% na véspera).

Às 16h36 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 8 pontos-base, a 4,165%.

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