MENDOZA, Argentina (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira, em reunião de cúpula do Mercosul na cidade argentina de Mendoza, que o governo brasileiro acompanha com grande preocupação a situação na Venezuela e vê contornos de uma crise humanitária em decorrência das carências sociais oriundas do deterioramento do quadro político e institucional.
Temer acrescentou que o Brasil, que assumirá a Presidência temporária do Mercosul após esta reunião, continua a defender o restabelecimento irrestrito das liberdades na Venezuela, que foi suspensa do Mercosul no ano passado.
"Já não há mais espaço na América do Sul para prisões arbitrárias, para medidas de repressão política, para atitudes e atos incompatíveis com os preceitos democráticos. Já não há mais espaço para governos indiferentes à própria sorte do povo", disse Temer em discurso em reunião plenária do bloco de países sul-americanos.
"É com grande preocupação que acompanhamos a situação na Venezuela, somos profundamente sensíveis à deterioração do quadro político e institucional, às carências sociais que nesse país amigo ganham contorno de crise humanitária", afirmou.
A Venezuela vive uma crise política e econômica marcada por protestos de manifestantes contrários ao governo do presidente Nicolás Maduro que já deixaram mais de 100 mortos nos últimos meses.
Maduro tem sofrido pressão internacional contra a realização de uma eleição para uma Assembleia Constituinte marcada para 30 de julho, que incluem ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sanções ao país.
Alguns representantes do Mercosul adiantaram que o bloco fará uma declaração conjunta sobre a crise na Venezuela após a cúpula desta sexta e insistirá em sua exigência de respeito aos direitos constitucionais.
Além da questão da Venezuela, Temer reiterou em seu discurso na reunião plenária que o Mercosul continuará buscando fechar acordos comerciais durante a presidência brasileira.
"O fechamento ao outro é um obstáculo ao desenvolvimento. Nós não cairemos nessa esparrela. Muito pelo contrário, na presidência brasileira, continuaremos engajados em nossa ambiciosa pauta de negociações externas, estreitaremos os laços do Mercosul com os países da Aliança do Pacífico... e seguiremos também firmemente engajados nas negociações do acordo com a União Europeia", afirmou.
(Reportagem de Jorge Otaola)