Por Steve Holland e Denis Pinchuk
DANANG, Vietnã (Reuters) - O presidente americano Donald Trump disse acreditar na palavra do presidente russo Vladimir Putin, que negou as acusações de que teria se envolvido nas eleições dos Estados Unidos no ano passado, apesar da conclusão contrária das agências de inteligência dos EUA sobre o assunto.
Trump fez o comentário após rápido encontro com Putin em uma cúpula no Vietnã neste sábado, no qual concordaram com uma solução política para a Síria.
Foi o primeiro encontro entre eles desde julho e acontece durante um período complicado nas relações EUA-Rússia, no momento em que Trump está sendo acossado pela investigação sobre se Moscou influenciou a eleição que o levou à Casa Branca.
"Todas as vezes que ele me vê, ele diz que não fez aquilo, e eu realmente acredito que, quando ele me diz isso, ele fala a verdade", disse Trump a repórteres no Air Force One, após deixar a cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).
Trump, que chamou de falsas as alegações de conluio da sua campanha com Moscou, encara questionamentos de democratas sobre o assunto desde que assumiu a presidência. Um procurador, Robert Mueller, está conduzindo a investigação que levou a denúncias contra o ex-diretor da campanha de Trump, Paul Manafort, e seu associado Rick Gates.
Agências de inteligência dos EUA concluíram que os russos interferiram para favorecer Trump na eleição por meio de hackers, divulgando e-mails para criticar a candidata democrata Hillary Clinton e espalhando propaganda nas redes sociais.
A Rússia negou o seu envolvimento várias vezes.
O principal democrata do comitê de inteligência da Casa dos Representantes dos EUA, que está investigando o assunto, criticou os comentários de Trump e o acusou de preferir ficar ao lado de Putin do que das agências de inteligência americanas.
"O presidente não engana ninguém. Ele entende que os russos interferiram por meio de hackers e divulgando e-mails da adversária, cujos frutos ele explorou várias vezes durante a campanha", disse Adam Schiff, em comunicado.
Putin disse que a suposta ligação entre Manafort e a Rússia foi fabricada por adversários de Trump.
Putin rechaçou sugestões de que a Rússia influenciou a eleição por meio de propaganda política. Empresas de tecnologia, inclusive o Facebook, disseram que houve conteúdo político pago espalhado por meio de suas plataformas .
"Não há confirmação da nossa interferência na campanha eleitoral - e não haverá nenhuma", disse Putin.
Após enfatizar durante a campanha de 2016 que seria interessante que EUA a Rússia trabalhassem juntos, Trump limitou seu contato com Putin desde que assumiu a presidência.
Após a reunião, Putin descreveu Trump como "uma pessoa de bons modos" e com quem se sente confortável em conversar.
"Nós nos conhecemos um pouco, mas o presidente americano é muito civilizado e seu comportamento, amigável", disse.