Por Jan Strupczewski e Agnieszka Flak
BRUXELAS/MILÃO (Reuters) - A Comissão Europeia disse à Itália que está preocupada com seus planos de déficit orçamentário para os próximos três anos, uma vez que eles violam o que a UE pediu ao país em julho, mas Roma insistiu neste sábado que "não recuará" de seus planos de gastos.
Em uma carta ao ministro italiano da Economia, Giovanni Tria, a Comissão disse que com um déficit planejado de 2,4 por cento do PIB em 2019, o déficit estrutural da Itália, que exclui efeitos únicos e do ciclo econômico, aumentaria em 0,8 por cento do PIB.
O conselho de ministros da UE, no entanto, pediu à Itália em julho para reduzir o déficit estrutural em 0,6 por cento do PIB no ano que vem, o que significa que o déficit seria de 1,4 ponto.
A Itália planeja reduzir o déficit global para 2,1 por cento em 2020 e 1,8 por cento em 2021, mas isso também não seria suficiente, disse a carta da Comissão, porque isso significaria que o déficit estrutural da Itália não mudaria em 2020-21.
De acordo com as regras da UE, a Itália, que tem um índice de dívida pública em relação ao PIB de 133 por cento e os mais elevados custos do serviço da dívida na Europa, deve reduzir o déficit estrutural todos os anos até alcançar o equilíbrio.
"Neste contexto, as metas orçamentárias revisadas da Itália parecem, à primeira vista, apontar para um desvio significativo do caminho fiscal recomendado pelo Conselho. Isso é, portanto, uma fonte de séria preocupação", disse a carta da Comissão.
"Pedimos às autoridades italianas que garantam que o projeto de orçamento esteja em conformidade com as regras fiscais comuns", afirmou.
"MUITOS ERROS"
A Itália deve apresentar o seu projeto de orçamento à Comissão para os controles, caso esteja em conformidade com as regras da UE, até 15 de outubro.
"É preciso deixar claro que não vamos recuar porque, no que me diz respeito, essas medidas não devem desafiar Bruxelas ou os mercados, mas precisam compensar o povo italiano por muitos erros", afirmou o vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, a jornalistas em um evento em Roma.
"Não há plano B porque não vamos retroceder. Vamos explicar as razões para essas medidas ... mas não vamos recuar", disse ele.
Se a Comissão decidir que o projeto de orçamento quebra flagrantemente as regras, pode enviá-lo de volta a Roma para ser revisto, algo que nunca aconteceu antes.