Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A massificação de veículos híbridos no Brasil pode se tornar uma realidade no Brasil se houver incentivo e apoio corretos por parte do governo e vários setores da indústria, afirmou nesta segunda-feira o presidente-executivo da Toyota para a América Latina, Steve St. Angelo.
Durante evento para marcar o início de testes de longa duração de um híbrido Prius da montadora japonesa equipado com motor a combustão que além de gasolina aceita também etanol, o executivo afirmou que a solução é a mais adequada para atender a realidade brasileira, mas evitou fazer comentários sobre quando a Toyota poderá produzir o modelo no Brasil.
A Toyota completa em 2018 60 anos de presença no mercado brasileiro e St. Angelo comentou que acredita que o modelo "híbrido flex", citado pela montadora como o primeiro do tipo do mundo, marca o "início dos próximos 60 anos da Toyota" no país.
A montadora vai fazer o "Prius Flex" rodar de São Paulo até Brasília, num percurso de cerca de 1.000 quilômetros em que vai passar por usinas produtoras de etanol.
Questionado se o destino final ter sido definido como Brasília tem relação com eventual pedido para incentivos governamentais para a popularização da tecnologia, o presidente da Toyota para América Latina afirmou que "incentivo ajuda, mas não é essencial" para a montadora se decidir por desenvolver o modelo para venda no Brasil.
"Esses veículos (híbridos) só vão contribuir para a sociedade se houver mais deles nas ruas...Podem se tornar realidade com incentivo e apoio certos", disse St. Angelo.
Atualmente, o Prius, importado do Japão, é vendido por cerca de 126 mil reais no Brasil. Em 2017, o modelo foi o híbrido mais vendido do país, com licenciamentos de 2 mil unidades de um total de 3.296 híbridos e elétricos comercializados no Brasil.
Segundo a Toyota, o Prius flex é um protótipo. O executivo comentou que eventualmente, além do Brasil, o modelo poderia ser vendido no Paraguai, que também possui uma frota de veículos que usa etanol. Ele não mencionou o valor investido pela companhia no modelo flex.
St. Angelo disse que o objetivo do teste é recolher dados que incluem consumo e emissão de poluentes do Prius flex que serão enviados à Toyota no Japão para análise. A montadora, que tem parceria com a Universidade de São Paulo (USP) em estudos sobre motorização híbrida, também vai lançar uma parceria com a Universidade de Brasília (UNB).
A Toyota fez o anúncio em parceria com a entidade que representa os produtores de açúcar e etanol do Brasil, a Unica. A presidente da entidade, Elizabeth Farina, afirmou que a "solução dos biocombustíveis é a solução econômica adequada para o Brasil" e que a entidade "se prontificou a dar apoio institucional" para a iniciativa da Toyota.
Segundo ela, o setor sucroalcooleiro não é contra a tecnologia dos carros híbridos e elétricos, "mas se houver incentivo para algum tipo de tecnologia porque não pode ter também para uma (de etanol) que já investiu tanto no país?"
Atualmente, veículos híbridos ou elétricos pagam 13 e 25 por cento, respectivamente, de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Uma reunião ocorrida no início do mês entre representantes do Ministério da Indústria e Comércio Exterior e da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) terminou sem um compromisso do governo de reduzir o IPI dos híbridos e elétricos para 7 por cento, mesma alíquota cobrada dos modelos de motor 1.0.