Por Lais Martins
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira, no menor nível em cinco meses, com o mercado atento à definição sobre o cronograma de votação da proposta de reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, acompanhando as discussões que prosseguiam no plenário no fechamento do mercado.
O dólar recuou 0,33%, a 3,7393 reais na venda, menor fechamento desde 27 de fevereiro deste ano. Na mínima do pregão, a cotação chegou a 3,7304 reais. Na máxima, tocou nível de 3,7643 reais.
Na semana, o dólar acumulou queda de 2,11% frente à divisa brasileira.
O dólar futuro cedia por volta de 0,5% neste pregão.
Parlamentares que acompanhavam de perto as negociações sobre a proposta avaliavam que a votação do primeiro turno da reforma da Previdência tem chances de não ser concluída ainda nesta sexta-feira, apesar dos esforços do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Mais cedo, Maia disse que não adianta querer correr com a reforma, colocando em risco sua aprovação em segundo turno e que irá avaliar com os partidos as perspectivas de quórum tanto de sábado como da próxima semana, indicando que a conclusão da tramitação na Casa pode ficar para agosto.
O governo ainda enfrenta dificuldade para articular os deputados favoráveis à reforma e garantir o quórum em plenário, justamente em um momento em que serão analisadas emendas com grande potencial de desidratar a reforma.
Os mercados reagiram às notícias de que a conclusão da votação em segundo turno pode ficar para agosto, o que levou o dólar reduzir levemente perdas, mas o noticiário não foi suficiente para alterar o sentimento otimista, disseram agentes financeiros.
"Estamos próximos da conclusão do processo e até semana que vem dá para encerrar o primeiro turno, vai ficar a dúvida se o segundo turno acontece até quarta-feira ou não", afirmou o economista-chefe do Haitong Brazil, Flávio Serrano.
O dólar permaneceu pressionado frente ao real pela percepção de que a reforma será aprovada e, mais importante, com um valor de economia satisfatório, o que permite a agentes financeiros relevarem eventuais atrasos.
De acordo com Serrano, o importante neste momento, mais do que os prazos, é evitar a desidratação da reforma a partir dos destaques.
Ao longo dos últimos dias, o mercado já foi incorporando a probabilidade de uma economia mais elevada com a reforma, o que permitiu que o dólar cedesse até os patamares atuais.
Embora focado na cena política local, o dólar também era pressionado no câmbio local pelas declarações recentes do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que ajudaram a elevar as expectativas por um corte de juros nos Estados Unidos ainda no fim deste mês.