Agência Brasil - Em junho, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos teve queda nas vendas de 6,1% na comparação com o mês anterior e recuo de 12,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, informou hoje (30) a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Segundo a Abimaq, o resultado de junho influenciou na taxa de crescimento acumulada do ano, que passou de 7,5% (entre janeiro e maio) a 3,6% de crescimento (entre janeiro e junho). O desempenho deste ano, diz a associação, é baseado principalmente no mercado doméstico, que cresceu 10,2% no semestre.
As vendas para o mercado externo registraram retração pelo terceiro mês consecutivo, com desempenho negativo de 8% na comparação com maio. Na comparação a junho do ano passado, a queda foi de 22,5%, acumulando US$ 681 milhões. Grande parte disso se deve à crise na Argentina, que era o segundo maior cliente do Brasil, atrás dos Estados Unidos, e que reduziu as compras de máquinas e equipamentos em cerca de 50%.
O setor também registrou queda de 2,9% na importação na comparação com maio. No entanto, na comparação anual, a importação cresceu 20,5%.
Com relação aos empregos, o mês de junho apresentou queda de 0,4% em relação a maio e aumento de 4,2% na comparação com junho de 2018. Neste ano, até o mês de maio, o setor vinha registrando aumento no número de contratações, mas em junho houve uma pequena redução, resultado, segundo a associação, de um desaquecimento das atividades do setor. O setor fabricante de máquinas e equipamentos conta atualmente com 307.526 pessoas ocupadas.
Estimular economia
Em entrevista coletiva concedida hoje para apresentar o balanço, o diretor da Abimaq, Mario Bernardini, disse que o governo precisa estimular a economia brasileira e retomar o crescimento, recuperando os investimentos. “O crescimento econômico e retomada do crescimento é prioridade número um desse país, mais do que as reformas. As reformas são meio importante para fazerem efeito a médio e longo prazo. O que tem que fazer a curto prazo é recuperar os investimentos”, disse.
Para Bernardini, a recuperação dos investimentos passaria por fornecer maior segurança jurídica, por exemplo. “Tudo isso demanda um tempo, portanto não prevejo retomada dos investimentos privados e em infraestrutura antes de dois anos. Mas o Brasil não pode se dar ao luxo de ficar mais dois anos nessa situação de desemprego elevado. Minha posição pessoal é que o governo deixe de lado a ideologia [de ser liberal] e que tome medidas para retomar os investimentos públicos”, disse. “A equipe econômica, liberal, acredita que estado não deve investir na economia. Mas, neste momento, acho que eles deveriam abrir uma exceção porque o Brasil precisa de retomada do crescimento no curto prazo”.